São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise financeira provoca caos em Alagoas

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A crise financeira deixou Alagoas sem governo, e seus 2,7 milhões de habitantes estão vivendo uma rotina de caos e insegurança, decorrência de greves que paralisam 8.200 policiais militares, 1.200 policiais civis, todo o aparato público fiscal, de saúde e de educação.
Atentados e ameaças de bombas provocaram ontem o fechamento da Assembléia Legislativa. A paralisação do Legislativo aumentou o contorno de crise institucional no Estado, que estava restrita à insubordinação da PM, aquartelada desde o último dia 5.
"Não temos como abrir as portas no meio dessa insegurança", afirmou o presidente da Assembléia, deputado Antônio Albuquerque (PMDB).
Corpo de Bombeiros
As ameaças feitas aos setores do funcionalismo que continuam trabalhando mesmo sem receber salários há cinco meses paralisaram ontem o trabalho do Corpo de Bombeiros.
Dois médicos que foram trabalhar no único pronto-socorro do Estado foram ameaçados anteontem com revólveres na cabeça para desistir de furar a greve.
A maioria das repartições públicas do Estado estava vazia ontem. Os funcionários dizem temer atentados. Até o prefeito de Maceió (AL), Ronaldo Lessa (PSB), recebeu ameaças de morte.
Ele comunicou o fato à Polícia Federal, reforçou sua segurança particular e decidiu entrar com pedido de intervenção federal no Estado para assegurar os salários dos policiais.
"Os salários do Judiciário já foram pagos porque o governo federal não queria a intervenção, então o presidente Fernando Henrique Cardoso terá de ampliar esses benefícios aos policiais para sairmos desse estado de calamidade pública e terrorismo", afirmou Lessa.
Atentado
O prefeito está indignado com o atentado que atingiu, na madrugada de anteontem, o prédio da Guarda Municipal, que vinha prestando segurança no presídio São Leonardo.
A segurança do presídio deveria ser feita pela PM. Um grupo armado e mascarado rendeu seguranças da Guarda Municipal e ateou fogo ao prédio.
A Guarda Municipal saiu ontem do presídio e foi substituída por um grupo de policiais aposentados, recrutados pelo secretário da Justiça, Rubens Quintela.
Policiais civis soltaram todos os presos que estavam detidos em delegacias de Maceió.
"Estamos vivendo na anarquia, pela falta de governo e pela intranquilidade", afirmou o diretor do departamento central da Polícia Civil, Cícero Torres.
Início da crise
A crise financeira no Estado teve início em fevereiro de 95, segundo mês do governo de Suruagy.
Sancionada por seu vice, Manoel Gomes de Barros (PTB), a lei 5.666 provocou a elevação da folha salarial de R$ 27 milhões para R$ 42 milhões ao beneficiar cerca de 2.000 funcionários.
Desde a edição dessa lei, o governo tem acumulado atrasos na folha salarial. No ano passado, o governo adotou a estratégia de captar recursos no mercado financeiro para pagar os funcionários, mas os juros de 8% dos financiamentos agravaram ainda mais a crise.

Texto Anterior: Corretora vê falha no Real
Próximo Texto: Governador assina acordo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.