São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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O tempo dentro da casa

FABRIZIO RIGOUT

DA REDAÇÃO

Brincar de casinha, quem não brincou? Chamar os amigos e montar uma cabana, um sobrado, uma casa mesmo, com sala, cozinha, jardim, é muito gostoso.
Talvez porque nas casinhas a gente imite a mãe e o pai. Ou então porque lá dentro as coisas acontecem como a gente quer: o mundo acaba e sobra só a turma, escondida no abrigo; uma cápsula espacial leva os amigos-astronautas para outra galáxia; os piratas tentam invadir o forte, e a gente ali, se defendendo. Esconderijos
No começo, casa servia para proteger. As cavernas eram refúgios contra a chuva e contra os bichos. Foi debaixo de um teto que as pessoas começaram a ter paz para pensar sobre as coisas do mundo e sonhar com outras, que ainda não existiam.
Para contar seus sonhos, elas se reuniam junto da fogueira. Estavam inventando línguas -língua é uma representação, um tipo de cópia, porque transforma em palavras aquilo que se vê e pensa.
Gerações
Até hoje fogueira e casa se confundem, só que por outra razão. Há mais de 2.000 anos, as famílias romanas guardavam em casa um altar de fogo, em homenagem a seus antepassados. O nome desse fogo era "lar".
É pensando nos filhos e netos que se constrói uma casa.
Porque são sonhos (casa e sonho nasceram juntos, afinal), o significado e a forma das casas mudam com o tempo: cada pessoa imagina um lar diferente para sua família.
Por isso é que dentro de toda casa tem criança fazendo de conta, brincando de fazer casinha.

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