São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Brasil é 10º como preferido do tráfico

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A queda da inflação elevou o Brasil ao 10º posto entre os países que recebem "investimentos" de narcotraficantes, segundo informações do governo dos Estados Unidos à Receita Federal. Sabe-se que 17% dos depósitos bancários dos cartéis da droga estão no país.
Somando transações de narcotraficantes, de contrabandistas e de sonegadores de impostos, os órgãos fiscalizadores norte-americanos estimam que US$ 450 bilhões em dinheiro "sujo" passem pelo país a cada ano.
Grupos econômicos também sofisticaram os mecanismos de sonegação de impostos e evasão de divisas por meio de operações financeiras e de comércio exterior.
O cenário favorável às fraudes -antes, a inflação alta espantava os fraudadores- levou a Receita Federal a criar, no início de 96, um grupo de "inteligência" com a colaboração do IRS, órgão equivalente à Receita nos EUA.
Os 42 agentes da Coordenadoria de Pesquisa e Investigação atuam há quatro meses nas dez regiões fiscais do país. Em quatro meses, concluíram 58 investigações.
Outros 42 serão integrados ao grupo neste mês, depois de concluídos cursos especiais.
O trabalho em nada se assemelha ao dos auditores fiscais. Os agentes atuam como detetives especializados em destrinchar esquemas de sonegação e "lavagem" -legalização de dinheiro "sujo".
Seus métodos incluem a vigilância de pessoas, a investigação de seus relacionamentos pessoais e profissionais e até o disfarce.
"Grande parte dos contribuintes lançam nos livros contábeis o que querem. Nós queremos os dados negados", afirmou à Folha o coordenador-geral da área, Deomar Vasconcellos de Moraes.
A compra de obras de arte em leilões, cavalos de raça, imóveis no exterior ou carros importados de luxo podem gerar investigações.
Outra prioridade é investigar os setores mais tributados. "Onde há alíquota elevada de imposto, há sonegação", diz Moraes.

LEIA MAIS sobre "dinheiro sujo" na pág. 2-3

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