São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Poeta baiano perde ação contra Bamda Mel

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça da Bahia não reconheceu, em primeira instância, que o poeta Ajax Jorge da Silva é o autor das letras de "Baianidade Nagô" e "Crença e Fé".
A Bamda Mel, de Salvador, gravou as duas músicas há quatro anos. A primeira, sob a assinatura de Evany. A outra, sob as de Beto Jamaica e Ademário.
O pronunciamento da Justiça ganha relevância porque Jorge da Silva afirmou à Folha, na quarta-feira, que entrará com ação indenizatória contra o Skank.
O poeta reivindica a autoria de seis letras que integram os dois últimos discos da banda mineira: "Calango", de 94, e "O Samba Poconé", lançado em julho.
Juntos, os álbuns venderam 1.830.000 cópias e figuram entre os maiores sucessos do mercado fonográfico brasileiro.
Os encartes dos CDs apontam Samuel Rosa, Chico Amaral e Lelo Zaneti como compositores das músicas.
Provas
Em sentença divulgada ontem, a juíza Vera Lucia Freire de Carvalho considerou improcedentes as alegações de Jorge da Silva contra a Bamda Mel e a gravadora Gel Continental.
O processo tramitava desde março de 92 na 5ª Vara de Assistência Judiciária (Salvador).
Como prova de que escreveu as canções, o poeta exibiu manuscritos das letras autenticados em cartório. Todos trazem carimbo do dia 14 de novembro de 90 -anteriores, portanto, às gravações.
Na ação que pretende mover contra o Skank, Jorge da Silva deverá lançar mão do mesmo tipo de provas. Apresentará poemas autenticados com data de 19 de novembro de 90.
"Para proferir a sentença relativa à Mel, a juíza não analisou os manuscritos do poeta. Considerou, apenas, os depoimentos das testemunhas que se colocaram a favor de Jorge da Silva", explica Rui Costa Andrade, advogado da banda baiana.
A Mel se defendeu das acusações argumentando que, no dia 1º de novembro de 90, Beto Jamaica cantou "Crença e Fé" durante a Missa do Ilê-Aiyê. O tradicional bloco afro de Salvador promoveu a cerimônia.
Quanto à letra de "Baianidade Nagô", o compositor Evany demonstrou que a registrara na Ordem dos Músicos do Brasil antes de novembro de 90.
Recurso
Jorge da Silva poderá recorrer da sentença junto ao Tribunal de Justiça da Bahia.
"Vou fazê-lo", diz. "A decisão da juíza também não me desencoraja a processar o Skank."
O advogado do poeta, Jesonias Simões, pensa diferente: "Precisamos estudar a sentença para, depois, avaliar se abriremos ação contra a banda de Minas."

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