São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Eris propõe expulsar 'dinheiro vagabundo'

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente do BC Ibrahim Eris, hoje sócio da Linear Investimentos, diz que a melhor coisa que poderia ser feita com o dinheiro de curto prazo dos investidores estrangeiros é deixar ele sair do país.
"Não vejo nenhum problema. Ao contrário. Acho que não nos interessa esse dinheiro vagabundo, de curto prazo. Precisamos é de dinheiro sério (de longo prazo)", afirma.
Logo, não há por que, para ele, manter o "cupom" (o juro pago sobre o dólar) tão atrativo ou só cair até o limite de 10% ao ano.
Até porque, questiona, não há razão alguma para manter constante a correção cambial em 0,6% ao mês com o atual patamar de inflação e, além disso, "qual é o problema se a reserva (o caixa do país em moeda forte) cair de pouco mais de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões?"
Déficits comerciais
Só não pode acontecer, diz Eris, de os juros ficarem tão baixos que "comecem a expulsar recursos de brasileiros."
O limite, portanto, para o ex-presidente do BC, será dado pela existência ou não de corrida de brasileiros para o dólar.
Mas, segundo o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, "o mercado não reagiria bem a uma queda das reservas (o caixa do país em moeda forte)".
Como já não reage bem a déficits na balança comercial (importações maiores que exportações).
Segundo Giannetti, a economia no Real acumula um crescimento de 8,2%. Mas, afirma, foram dois períodos absolutamente distintos -crescimento de 7,9%, nos primeiros 12 meses, e de 0,3%, no último período.
"O que está em discussão é se o país pode romper a lógica da expansão seguida de recessão, o stop-and-go. O governo diz que sim, mas não está ganha essa parada", afirma.
Até porque, diz Giannetti, embora não seja inevitável, existe o risco de a Argentina representar o mesmo papel já desempenhado, em 1994, pelo México.
Desde lá, segundo ele, o que tem marcado a política de juros é um "excesso de prudência".

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