São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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'Exilados' movimentam a economia chinesa

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A principal fonte de investimentos estrangeiros que alimenta o acelerado crescimento da economia da China também tem raízes na terra do pingue-pongue.
Comunidades chinesas no exterior respondem por cerca de 75% do capital investido nas reformas econômicas da China, maior revolução capitalista do final de século.
Em 1978, o Partido Comunista, liderado por Deng Xiaoping, decidiu injetar capitalismo para salvar a economia do colapso. Um dos remédios principais era a abertura ao investimento estrangeiro.
Espalhados pelo mundo, principalmente nos países vizinhos, empresários chineses prosperaram e formaram uma elite econômica poderosa.
Segundo Peter Kwong, um pesquisador de relações sino-americanas baseado em Nova York, a comunidade chinesa no exterior controlaria US$ 2,5 trilhões -quase metade do PIB dos EUA.
A colônia britânica de Hong Kong é a principal plataforma de origem dos investimentos de "chineses do exterior". Em 1º de julho de 1997, o território, um dos principais centros financeiros da Ásia, volta ao controle de Pequim, depois de mais de 150 anos de dominação britânica.
O governo comunista se compromete a manter inalterado o sistema capitalista de Hong Kong por pelo menos 50 anos.
A região deve continuar como um motor da decolagem econômica da China, embora já se verifique fuga de capitais de Hong Kong rumo a países como o Canadá.
Elite
No cenário asiático, os chineses formam elites econômicas nos países vizinhos, que eles começaram a desbravar como empreendedores há cerca de 600 anos.
Na Tailândia, por exemplo, a comunidade chinesa (10% da população) controla várias das principais companhias do país.
Na Indonésia, estima-se que 17 dos principais 24 grupos empresariais do país pertençam a chineses.
Nas Filipinas, a comunidade é de apenas 2% da população, mas avalia-se que controle 75% do mundo dos negócios, de acordo com o livro "The New Taipans" (Os Novos Grandes Chefes).
Os "chineses do exterior" voltaram suas baterias para a China não apenas por questões de lealdade étnica. Têm também armas que os colocam em vantagem na corrida com outros investidores.
Por afinidade cultural, eles mostram muito mais paciência do que outros estrangeiros na hora de enfrentar os labirintos burocráticos do novo capitalismo chinês.
Também contam com uma rede de contatos pessoais, geralmente laços familiares ou de amizade, ingrediente fundamental para se atuar na China.

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