São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996
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Carros mudam para contentar a mulher

Consumidora representa um terço das vendas

LUCIANO SOMENZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Até que ponto as mulheres exercem influência no mundo automobilístico?
A resposta vem dos departamentos de vendas e de estilo das montadoras: cerca de um terço dos automóveis pequenos e médios novos no Brasil (que em 95 foram 430 mil) é vendido para mulheres.
No caso da Fiat, a abrangência feminina na compra é ainda maior: 47% dos Uno Mille (ou 109,3 mil) vendidos em 1995 foram faturados em nome de mulheres.
Com tanto poder de compra, as mãos dos estilistas pousam simultaneamente nas pranchetas de design e nos resultados das pesquisas que verificam o gosto da mulher.
Coincidência ou não, há pelo menos uma designer trabalhando nos estúdios que projetam os novos modelos das quatro grandes marcas, com exceção da Fiat.
Cristina Maria Belatto, 36, é a única mulher entre os oito homens do departamento de estilo da Volkswagen.
A designer afirma que os estilistas estão atentos aos detalhes que são próprios das mulheres.
Maçanetas de portas são desenhadas levando em consideração seu manuseio por mãos de unhas compridas, por exemplo.
Ela relembra o projeto do novo Gol, cujo porta-malas ficou um pouco mais baixo para evitar esforço excessivo na hora de retirar as compras do supermercado.
"Sem sexismo"
O encarregado de Cristina, o também designer Luiz Veiga, lembra ainda que as bordas altas dos bancos do novo modelo dificultavam o acesso de mulheres de saia, e, por isso, foram modificadas.
Ambos fazem questão de desvincular qualquer forma de "sexismo" do mundo automobilístico.
"Não se faz carro exclusivamente para mulheres", afirmam.
Na Fiat, quatro homens do departamento de estilo trabalham, conectados via satélite, com os estilistas da matriz italiana, segundo Mário Vietti, diretor de Engenharia do Produto.
Ele diz que, apesar da ausência feminina no Brasil, foram mulheres, convidadas pela montadora, que escolheram as cores do Uno.
"Para atendê-las, não precisa ser necessariamente mulher. A maioria dos costureiros de roupas femininas são homens", compara.
Também é um grupo de mulheres "consultoras" -potenciais clientes- que opinam sobre os novos produtos da Volvo Car Corporation, na Suécia.
A designer Birgitta Thorsson disse à Folha que esse grupo de mulheres já sugeriu, inclusive, mudanças nos recipientes de água e de óleo do motor, para serem identificados com facilidade.

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