São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Lula sai atrás de novos aliados

MARTA SALOMON
EM SÃO PAULO

Com uma agenda mais corrida que na época de suas duas candidaturas à Presidência da República (em 1989 e 1994), Luiz Inácio Lula da Silva mantém firme -com pequenas alterações- o projeto de chegar ao Palácio do Planalto.
Em meio aos comícios e carreatas da campanha municipal, Lula diz ter pressa. Como um obstinado, diz que sairá em busca de novos aliados fora da esquerda tradicional. "Não quero é a vida inteira ser candidato para ter 25% ou 30% dos votos", resume.
O novo plano de chegar ao poder prevê que Lula abra mão de ser previamente o "candidato natural" à eleição de 1998. Em princípio, o PT abriria mão até de ser o cabeça de uma futura chapa.
O nome do candidato é uma conversa que se deixará para depois, para não "criar confusão", segundo o próprio Lula explica. A única coisa que está descartada a dois anos da próxima eleição ao Planalto é a possibilidade de o partido ficar de fora: "Quem imaginar isso, vai quebrar a cara", desafia.
Logo depois da eleição dos novos prefeitos, Lula terá como prioridade procurar aliados entre os insatisfeitos com o governo FHC.
"Existem essas pessoas, onde elas estão? Existem empresários progressistas? Vamos mapeá-los", orienta o líder histórico do PT. "Se é possível, não sei, mas acho que temos que tentar."
Fazer frente ao neoliberalismo é o lema da nova empreitada. "É preciso ter uma política de desenvolvimento para o Brasil que possa significar emprego no campo e na cidade e melhorar a distribuição de renda", traduz.
Lula reconhece que as dificuldades de fazer vingar uma candidatura de oposição cresceram. Mas, publicamente, não desanima nem diante da possibilidade de FHC poder disputar a reeleição em 1998. Considera "natural" a vontade de um partido permanecer no poder depois de chegar lá.
Neste caso, calcula Lula, FHC se lançaria candidato com uns 20% de votos garantidos. "Mas isso nós também temos", sustenta.
O projeto de Lula ainda precisa passar pelo aval do PT. "O assunto é complexo", admite o presidente do partido, José Dirceu, que só submeterá a proposta oficialmente ao partido no ano que vem.
Adepto à idéia de uma frente ampla para 1998, ele vem trocando idéias com ex-presidente Itamar Franco e seu último ministro da Fazenda, Ciro Gomes.

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