São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 1996
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Capitalismo russo investe no turismo

JAIME BÓRQUEZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se os líderes da revolução comunista ressuscitassem e dessem uma volta pela Rússia de hoje, seguramente morreriam de susto.
Ver seu nome estampado numa camiseta com os dizeres "Welcome to McLenin", nas cores e desenhos do McDonald's, não seria agradável para Vladimir Ilitch.
É difícil acreditar que, após 70 anos de doutrinação e prática, não reste quase nada do comunismo.
Os russos debocham de seus antigos ícones e se abrem a um negócio que não precisa de espiões nem de segredos atômicos: o turismo.
Material há de sobra. Desde o Kremlin aos quadros do museu Hermitage, passando pela vodca, cossacos, bonecas e balalaicas, tudo é motivo para uma visita.
Sinais de capitalismo selvagem? Nada disso. É simplesmente a necessidade de entrar urgentemente no ritmo do resto do mundo.
O bonde da história não espera por ninguém, e os russos estão correndo atrás do prejuízo pagando seu tributo.
A infra-estrutura turística precisa de uma remoçada. Monumentais hotéis não sabem o que é um simples serviço de quarto e poucos garções falam inglês. Já o português é como para nós o russo.
Embora o país viva uma situação política e econômica bastante confusa, seus habitantes estão contentes com os passos, ainda trôpegos, do caminho iniciado com a perestroika e a glasnost de Gorbatchov.
E se alguém está ganhando com essa nova era são os turistas. Passear pela Rússia é uma surpresa.
Seus monumentos, museus, a rica história e, sobretudo, o povo simpático e as belíssimas mulheres são motivos mais do que suficientes para ir à terra dos czares.
Muito se fala da violência e na máfia que domina a Rússia. Despreocupe-se. Ela não aparece nos rumos do turista e, para o porteiro do hotel Intourist, a máfia cuida para que nada ocorra às visitas.
Não é um bom negócio para eles, pois o turista deixa dinheiro nos cassinos, restaurantes, garotas de programa, no comércio em geral, onde a máfia tem seus tentáculos.

LEIA MAIS sobre Moscou nas págs. 6-12 a 6-14

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