São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Desnutrição infantil cai 17% no país

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A desnutrição infantil no Brasil caiu 16,9% entre 1989 e 1996. O maior responsável pela queda foi o Nordeste. O número de crianças menores de 5 anos com baixo peso para a idade na região caiu 35,9% nos últimos sete anos.
Já no centro-sul do país, não houve queda. Segundo dados preliminares da PNDS (Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde), o número de subnutridos subiu de 371,2 mil para 393,9 mil -um aumento de 2,7% nessa região entre 89 e 96.
A pesquisa foi realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Benfam (Sociedade Bem-Estar e Família).
Na região Norte, o total de crianças menores de 5 anos com peso muito baixo para a idade caiu 14,1% entre 89 e 96.
A PNDS foi encomendada pelo Ministério da Saúde e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para avaliar se o Brasil está cumprindo as metas estabelecidas pela Cúpula a Favor da Infância -conferência que reuniu 158 países em 1990 para debater os direitos das crianças. A pesquisa será apresentada oficialmente na semana que vem.
A queda da desnutrição no Nordeste surpreendeu os organizadores da pesquisa, porque a região era a que vinha apresentando melhoras mais lentas no combate à mortalidade infantil no país.
Em 89, a região tinha 730,4 mil crianças desnutridas. Em 90, o número de desnutridos caiu para 476,5 mil.
Segundo Carlos Augusto Monteiro, consultor da pesquisa na área de nutrição, o bom desempenho do Nordeste é explicado por dois motivos.
"A melhoria das condições sociais que atingiram as regiões Sul e Sudeste a partir da década de 70 só está chegando agora ao Nordeste", afirmou Monteiro, que é professor da Escola de Saúde Pública da USP. "Nos últimos três anos, o governo federal passou a priorizar o Nordeste nos programas de distribuição de suplementos alimentares."
O aumento de 2,7% no número de crianças desnutridas do centro-sul não foi considerado preocupante. "Na verdade, não houve aumento, mas uma estabilização do número de crianças com baixo peso", afirmou Monteiro.
Segundo Monteiro, a taxa de desnutrição considerada aceitável internacionalmente é de 2% das crianças menores de 5 anos.
"Como no centro-sul os índices de desnutrição estão na casa dos 3%, fica mais difícil conseguir reduções significativas. Poderia ter havido uma queda, mas ela teria sido pequena", disse.

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