São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Desemprego volta a cair em São Paulo

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego caiu pelo segundo mês consecutivo na Grande São Paulo. Segundo a Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), havia 1,322 milhão de desempregados em agosto na região, contra 1,335 milhão em julho.
Em porcentagem, a taxa caiu de 15,7% da População Economicamente Ativa em julho para 15,5% no mês passado, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgada ontem pelos dois órgãos. Em junho, 1,385 milhão de pessoas estavam sem emprego (16,2% da PEA)
A redução de 13 mil pessoas no "estoque" de desempregados se deve, basicamente, ao setor de serviços, que criou 33 mil postos -ampliação de vagas no setor público e trabalho autônomo.
O setor "outros" (serviços domésticos e construção civil) criou mais 40 mil vagas. Na indústria foram criadas outras 2.000 vagas, totalizando 75 mil postos.
O comércio, porém, fechou 36 mil vagas, resultando em 39 mil postos abertos no mês. Como 26 mil novos trabalhadores entraram no mercado, o saldo final foi a redução de 13 mil desempregados.
Sem novidade
Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese, diz que a queda do desemprego em agosto já era esperada. "Não é novidade nesta época do ano." O motivo é que as empresas aumentam a produção no terceiro trimestre para atender à demanda de final de ano.
Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Seade, lembra, entretanto, que a taxa atual de desemprego está abaixo das expectativas e necessidades do mercado. "A queda do desemprego vem ocorrendo em velocidade menor do que se esperava."
Apesar da queda por dois meses consecutivos, a taxa de agosto ainda é muito superior à de igual mês de 95. No período de 12 meses o desemprego total aumentou 20,2% (de 12,9% para 15,5%). No período, foram gerados 104 mil empregos, mas a PEA cresceu em 374 mil pessoas. Resultado: mais 270 mil desempregados.
Salário médio cai
O rendimento médio dos trabalhadores teve pequena queda em julho, segundo a pesquisa. No caso dos assalariados, a queda foi de 0,1%, com o rendimento médio ficando em R$ 774,00. Para os ocupados a queda foi de 0,7%, com a média de R$ 802,00.
No período de um ano (julho de 95 a julho de 96) os rendimentos reais médios dos assalariados caíram 9,1%. Para os ocupados a queda foi 8,4%, constata a pesquisa.
Menos 150 mil
A indústria automobilística nacional deverá perder mais de 150 mil empregos até o ano 2000 caso o governo não altere suas políticas econômica e comercial.
A redução do emprego, da ordem de 30%, é uma das conclusões da publicação "Globalização e Setor Automotivo: A visão dos Trabalhadores", lançada ontem pela subseção Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
"O setor automobilístico corre o risco de virar um caos, mesmo com a chegada de novas montadoras ao país e com a previsão de investimentos de US$ 17 bilhões até a virada do século", disse Luiz Marinho, presidente do sindicato.
"Cada posto de trabalho perdido na indústria significa três postos a menos na cadeia produtiva", disse Jefferson Conceição, técnico do Dieese.
Somente no setor de autopeças deverá haver redução pela metade dos atuais 210 mil postos.
Colaborou Fábio Zanini, da Agência Folha, no ABCD

LEIA MAIS sobre mercado de trabalho na pág. 2-6

Próximo Texto: Olho grande; Jogo da memória; Real em alta; Fechando a tela; Cidade laboratório; De grão em grão; No bolso; Na montagem; Fora da Bolsa; Vendendo mais; Faturando menos; Linha branca; Pilhado em seguida; Tempo é dinheiro; Joint venture; Garantias insuficientes; Com ressalva; Oiapoque ao Chuí; Ponte aérea
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.