São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Itália acelera reforma para combater Bossi

Governo apóia adoção do federalismo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo italiano prometeu ontem acelerar reformas constitucionais, reconhecendo que o líder separatista Umberto Bossi continua uma ameaça à unidade do país, apesar do seu fracasso em obter apoio em massa para declarar a "independência" da Padânia, região italiana ao norte do rio Pó.
A mídia italiana apresentou a tentativa separatista de Bossi como um fiasco, mas o líder da Liga Norte não se curvou e causou uma saída em massa de jornalistas em uma entrevista coletiva em Milão depois de insultar uma repórter e de acusar a mídia de mentir.
"Nós não toleramos aqueles que vêm de fora para sujar o nosso povo. Você é uma bajuladora do sistema", disse para Ersilia Carbone, da rádio estatal GR1, que havia questionado Bossi sobre a votação de menores de 18 anos na "eleição" da Padânia.
"Cale-se! Envergonhe-se! Quem sabe quem te recomendou? Sem dúvida não conseguiu seu emprego por méritos próprios."
Manifestação
O ministro italiano para Assuntos Regionais, Franco Bassanini, calculou em menos de 150 mil o número de participantes nos três dias de manifestações junto ao rio Pó para a declaração de "independência". Bossi disse que a participação foi de 1,5 milhão de pessoas.
"O fato de que a Liga Norte fracassou não significa que a necessidade das reformas se tornou menos urgente", afirmou.
A declaração de independência de Bossi começou junto à nascente do Pó, nos Alpes, e terminou em Veneza, no domingo.
Federalismo
O governo do premiê Romano Prodi está criando dois pacotes de leis para dar para autoridades locais mais voz em assuntos administrativos, impostos e para eliminar o desperdício administrativo.
"O caminho para frente é da reforma federalista", disse o ministro Bassanini. Uma das principais reclamações da Liga Norte antes de buscar a independência era o federalismo. Uma de suas principais reclamações é o excesso de burocracia em Roma, a capital.
O jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano',' disse que a declaração de "independência" era "um ferimento e um ultraje para a nação", mas disse que também seria "superficial" ignorar Bossi.

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