São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996 |
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Piedade joga fora R$ 5 mi em cebola
VALMIR DENARDIN
A perda equivale a R$ 5,3 milhões, com base nos preços do atacado de São Paulo. "A colheita acabou há três meses e mais uma safra já foi plantada, mas a maioria dos produtores ainda conseguiu vender a produção", diz Osmar Borzacchini, 34, diretor do Departamento Municipal de Agricultura de Piedade. Os agricultores da região atribuem a crise ao Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), que permitiu a entrada maciça de cebola argentina no Brasil. Entre janeiro e abril deste ano, foram importadas da Argentina 171 mil t de cebola, contra 188 mil t durante todo o ano passado. Diante da concorrência do produto argentino, o preço da cebola no mercado atacadista despencou. A saca de 20 kg caiu de R$ 21,50, em agosto de 95, para R$ 2,95 na primeira semana deste mês. Superoferta "O problema é que a importação aconteceu durante a safra brasileira, provocando uma superoferta do produto", diz Borzacchini. A produção nacional de cebola na safra 95/96 deverá atingir 985 mil t, segundo previsão do Ministério da Agricultura. O consumo nacional é avaliado em 900 mil t/ano. Quem conseguiu vender obteve preços muito abaixo do custo de produção. Segundo Borzacchini, o agricultor gasta em média R$ 0,20 para produzir um quilo de cebola. Nesta safra, nenhum dos cerca de 600 agricultores de Piedade vendeu a produção por mais de R$ 0,05/kg. O menor preço atingiu R$ 0,03/kg. Devido ao preço baixo e à falta de mercado, muitos produtores nem sequer chegaram a colher. "O prejuízo é menor", explica Irineu Leme da Silva, 50, que deixou apodrecer a produção de 2,4 ha dos 7,2 ha que plantou este ano. Ensacados nos galpões, os bulbos já começavam a brotar. À beira das estradas da região, apodrecem toneladas de cebola. LEIA MAIS sobre cebola na pág. 6-4 Próximo Texto: Pico; Embarques; Queda no ano; Receita corroída; Saúde animal; Mercado em alta; Contra o granizo; Custo diminui; Sem foguete; Meio milhão; Passe livre; Moeda verde Índice |
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