São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996 |
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Custos desestimulam a engorda do boi
SEBASTIÃO NASCIMENTO
A opinião é de Adir do Carmo Leonel, de Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), que deixou a engorda de lado este ano e está selecionando gado de elite em sua estância, a 2L. Custos altos, excesso de oferta e mercado de carne desaquecido são responsáveis pela falta de estímulo do confinador, afirma Adir. "Em plena entressafra o criador consegue menos de R$ 24 pela arroba, contra os R$ 27 alcançados no ano passado", diz ele. Enquanto isso, segundo Adir, os custos da engorda dispararam. "Veja o caso do milho para silagem, por exemplo", afirma. O tempo médio de confinamento é de cem dias. O garrote costuma entrar com peso de 12 arrobas e sair com 16 arrobas. Segundo Adir, os criadores estão conseguindo vender o animal pelo preço de 12 arrobas. "O lucro das outras quatro arrobas o boi come", diz ele, se referindo aos custos da alimentação. Para Pedro de Camargo Neto, pecuarista e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, a criação extensiva também vive uma entressafra de crise. "Houve uma distorção nos preços relativos após o Plano Real e está difícil absorver a diferença com mais produtividade, apesar de essa ser a única saída", afirma. Os criadores não são unânimes a respeito de um possível aumento na cotação da arroba em outubro. Adir do Carmo Leonel e Antonio Pereira, do Sindicato Nacional dos Pecuaristas de Gado de Corte, acreditam em uma alta de preço até o patamar de R$ 27/arroba. "A chuva está obrigando o criador a desovar o boi confinado, tornando a oferta excessiva", diz Pereira. "Há muito barro, o animal não engorda e o confinador tem que vender urgentemente", diz Adir. Já Camargo Neto não crê em aumento de preço. "A chuva de agora pode garantir bom pasto dentro de 45 dias a 60 dias e a oferta de animais continuará alta", afirma. No caso do consumidor, os preços devem manter a estabilidade, acreditam Camargo e Adir Leonel. "O dianteiro hoje está valendo o mesmo que o frango", afirma Camargo. "Esse equilíbrio deve continuar", afirma ele. Adir acha que somente o açougue pode se tornar um obstáculo para a estabilidade de preço. "Mesmo agora, apesar de ter baixado para o produtor, o preço continua o mesmo no açougue." Já Antonio Pereira acredita que a cotação deva sofrer um pequeno impacto no varejo. "Mas o aumento vai ser inexpressivo, pois o consumidor é inteligente e pode boicotar a carne bovina ou procurar produtos alternativos", diz. Texto Anterior: Umidade favorece preparo do solo para plantio em SP Próximo Texto: Discutir preço é ultrapassado, diz criador Índice |
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