São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Figueiredo vai a ato contra indenizações

Militares vão recorrer a FHC

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Último presidente do regime militar, o general João Baptista Figueiredo, 78, criticou ontem o pagamento de indenizações aos familiares de guerrilheiros.
A proposta de apresentar recurso contra as indenizações, aprovada pelo conselho de administração na reunião de ontem, foi apresentada pelo presidente do clube, general Hélio Ibiapina Lima.
Figueiredo (que governou de 79 a 85) compareceu ao Clube Militar para apoiar a decisão da entidade de recorrer ao presidente Fernando Henrique Cardoso ou ao ministro da Justiça, Nelson Jobim, contra a concessão de indenizações às famílias dos guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella.
A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça decidiu, na semana passada, pagá-las às famílias de Lamarca e Marighella.
"Acho que há uma diferença muito grande entre um sentinela que perdeu sua vida porque estava cumprindo seu dever e outro que foi morto porque estava assaltando um banco", disse Figueiredo.
Figueiredo disse achar que "dever não se paga". "Nós, militares, nunca exigimos nada pelo cumprimento do dever. Agora, se eles querem dinheiro por cumprir o ideal deles, isso é com eles."
Cerca de 150 pessoas compareceram ao encontro -a maioria, como Figueiredo, era de associados que foram apenas assistir à reunião, sem direito a voto.
Um dos oradores foi o general Jonas de Moraes Correa Netto, chefe do Emfa no governo Sarney. Ele criticou as indenizações e os sem-terra. "Onde ficam as tentativas de subversão, os assaltos, onde fica a vergonha?"
Houve aplausos à sua intervenção. "Neste Brasil, louva-se a traição e premiam-se os traidores", disse. "Com apoio de cima, quando não impulsionado pelos Poderes da República." Sem mencionar FHC, Correa Netto disse que a Presidência tem "revanchismo pessoal, secundado por velhos camaradas de passeios ideológicos".

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