São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Para carioca, brasileiro é pouco confiável

DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa realizada no Grande Rio mostrou que cerca de 60% dos entrevistados não confiam no brasileiro ou o acham pouco confiável. Não foi boa também a avaliação que fizeram de políticos e do presidente FHC, que recebeu nota 5,1 (leia texto abaixo).
Realizada em conjunto pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e o Iser (Instituto de Estudos da Religião), de setembro de 95 a agosto passado, a pesquisa "Lei, Justiça e Cidadania" ouviu detalhadamente 1.574 moradores.
O coordenador da pesquisa, o cientista político José Murilo de Carvalho, 57, se disse preocupado com a imagem que os entrevistados fazem dos brasileiros em geral: apenas 6,4% acham o brasileiro muito confiável.
Para 30,4%, o brasileiro em geral é confiável. Para 46,3%, pouco confiável, e, para 13,9%, não-confiável. "Essa desconfiança foi mais alta do que eu esperava", disse.
A desconfiança é grande também em relação à polícia. A Justiça, por sua vez, foi considerada muito lenta pela maior parte dos entrevistados. A atuação das Forças Armadas no combate à criminalidade foi elogiada.
O cientista político do Iser Leandro Piquet Carneiro, 32, afirmou estar preocupado com o alto percentual de pessoas que não confiam na atuação policial.
Isso ficaria claro, segundo ele, a partir da análise da reação das pessoas após serem vítimas de crimes.
Para cada 1.000 habitantes, 81 disseram ter sido vítimas de furto, 97 de roubo, 80 de tentativa de roubo, 42 de agressão, 29 de extorsão e 18 de tentativa de extorsão. "São taxas bastante altas", disse Carneiro.
A maioria das vítimas não registrou queixa na polícia.
No caso dos que foram furtados, por exemplo, apenas 18% deram queixa. No de roubo consumado, 20%. No de agressão, 22%. No de extorsão, não houve registro estatístico de procura à polícia.
Para Carneiro, a desconfiança geral indica que os serviços do aparelho policial precisam ser melhorados, o que costuma, segundo ele, ser negligenciado.
Também foi avaliada a atuação das Forças Armadas, convocadas em 95 para participar de ações de combate à criminalidade no Rio.
A avaliação geral foi boa: 41% responderam que a atuação foi positiva e transcorreu de acordo com a lei. Para 27%, houve abusos, mas a ação teve efeitos positivos.
Apenas 12% disseram que houve alguns abusos e a ação foi inútil. Para 10%, foi uma violência injustificável. Não sabiam ou não responderam 11% dos entrevistados.

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