São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Dornelles apóia indústria para mudar IPI

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Francisco Dornelles (da Indústria, do Comércio e do Turismo) defendeu ontem o fim da cobrança de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na cadeia produtiva de todos os setores da indústria, ou seja, sobre matérias-primas e produtos intermediários.
Atualmente, essa cobrança só é feita em determinados segmentos da indústria. "Os empresários têm colocado essa questão. É um assunto que pode ser examinado", afirmou Dornelles. Segundo o ministro, qualquer decisão depende do aval do Ministério da Fazenda.
Ao defender a diminuição do custo da produção brasileira, o "custo Brasil", Dornelles disse que é inevitável que as empresas repassem para os preços os gastos com a nova versão do novo imposto do cheque, a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Nesta semana, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou lei que acaba com a cobrança de outro imposto -o ICMS- na exportação e compra de máquinas industriais (bens de capital).
A exemplo do fim do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a eliminação da cobrança do IPI na cadeia produtiva iria favorecer exportadores e industriais.
"Meu ministério é dos empresários. O ministro da indústria e comércio tem de entrar no coro dos empresários e pedir. Mas é o ministro da Fazenda (Pedro Malan) quem decide", disse Dornelles.
Exportadores
O chefe do Departamento Econômico da CNI (Confederação Nacional da Indústria), José Guilherme Almeida dos Reis, disse que vários setores da indústria já têm direito à restituição do IPI pago na cadeia produtiva (anterior ao produto final).
No entanto, segundo Reis, alguns desses setores têm tido problemas para conseguir o ressarcimento do IPI pago. Ele disse que o caso acontece principalmente no setor de exportação.
O exportador tem direito a usar como crédito o IPI pago durante a fase de produção. No entanto, como as vendas externas já são isentas de IPI, o exportador não consegue abater o imposto e fica com o crédito sem poder utilizá-lo.
"Uma MP (medida provisória) baixada no ano passado prevê o ressarcimento, em dinheiro, desse crédito não utilizado. Mas isso não está acontecendo", disse Reis.
O ministro afirmou que, caso Malan concorde em atender à reivindicação, o IPI poderia ser eliminado da cadeia produtiva por meio de lei ou decreto.

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