São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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A vida é uma sinuca

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Eddie Felson (Paul Newman) hoje é um personagem mais conhecido por "A Cor do Dinheiro" (1986), de Martin Scorsese.
Ali, Scorsese retomou o personagem e o ator de "Desafio à Corrupção" (Telecine, 0h25), além de fazer uma óbvia homenagem ao filme. Em "Desafio", Felson ainda é um jovem jogador de sinuca, disposto a subir e a desafiar o campeão (Jackie Gleason).
Ao contrário de seus pares, não joga por dinheiro, mas por vaidade. Num meio visceralmente corrupto, Felson não é bem um corrupto, mas um impuro.
É em grande parte em torno das idéias de pureza e impureza, no mais, que Robert Rossen desenvolve seu filme. Não é fora de propósito lembrar que Rossen foi um dos cineastas que delataram seus colegas, na era macarthista, na virada dos anos 40/50.
Quando fala da impureza, portanto, sabe do que está falando: Eddie Felson, homem condenado a carregar o peso de grandes dores, é em grande parte um duplo de Rossen. Não é a dificuldade de jogar o assunto, mas a de viver: a vida, sim, é uma sinuca.
Neste filme em que Paul Newman está brilhante e cercado de atores também brilhantes (de Piper Laurie a George C. Scott), a ambientação sórdida dos salões de bilhar é mais que um ponto alto: é a própria alma do filme. Um filme para não esquecer.
(IA)

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