São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Simpson sofre derrotas no novo juízo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Começou ontem, com uma série de derrotas para o acusado, o julgamento civil do ator e ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson, em Santa Monica, Califórnia, Costa Oeste dos EUA.
Simpson foi absolvido há um ano da acusação criminal do duplo homicídio de sua ex-mulher Nicole Brown e do amigo dela Ronald Goldman. Mas as famílias das vítimas resolveram processá-lo na Justiça civil pelas mortes.
Simpson não pode ser condenado à prisão se o júri deste julgamento o considerar culpado. Mas se isso acontecer terá de pagar indenizações às duas famílias.
Ao contrário da Justiça criminal, a civil não exige que os jurados condenem apenas quando estão convencidos "acima de qualquer dúvida" da culpa do réu. Basta que eles achem haver "preponderância de evidência" da culpa.
A Justiça civil também permite a condenação sem unanimidade do júri. Se 9 dos 12 jurados acharem que o acusado é culpado, a condenação ocorre.
O caso civil está sendo julgado na cidade de Santa Monica, onde moram as famílias das vítimas. O júri deve ser formado por mais brancos do que negros, pois a composição racial da população local é predominantemente branca.
Por motivos políticos, a promotoria resolveu julgar o caso criminal no tribunal do centro de Los Angeles e, por isso, a maioria do júri no ano passado era composta de negros. Simpson é negro, e as vítimas eram brancas. Acredita-se que a questão racial tenha pesado na decisão do júri.
Simpson não poderá se esquivar de testemunhar no caso civil, como fez no criminal. A garantia constitucional contra auto-incriminação já não vale mais porque ele nunca mais poderá ser julgado criminalmente pelo assassinato de Nicole Brown e Ronald Goldman.
O juiz do caso civil, Hiroshi Fujisaki, proibiu que o julgamento seja transmitido pela TV. Ele disse que não vai permitir a repetição do "clima de circo" que cercou o julgamento anterior.
Conspiração
Ontem, Fujisaki também limitou de maneira drástica a possibilidade da defesa usar o seu principal argumento no caso criminal: o de que Simpson foi vítima de uma conspiração da polícia. "O que está em julgamento aqui não é se a polícia foi incompetente ou maliciosa na apuração do caso", disse.
Simpson não esteve presente à sessão de ontem por participar de outro julgamento: o que decide se seus dois filhos podem voltar à sua custódia. Eles estão com os pais de Nicole Brown desde a morte dela em 12 de junho de 1994.
(CELS)

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