São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Documentos revelam que prefeitura sabia de uso do PAS por comitê do PPB

LUIS HENRIQUE AMARAL
XICO SÁ

LUIS HENRIQUE AMARAL; XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-assessor depõe à Justiça sobre cessão de carteirinhas do plano de saúde aos partidários de Maluf

A Prefeitura de São Paulo sabiam da distribuição de carteiras do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) em um comitê dos candidatos a vereador Hanna Garib e a prefeito Celso Pitta, ambos do PPB, partido do prefeito Paulo Maluf.
Em depoimento ontem ao juiz Dyrceu Aguiar Cintra Júnior, da 1ª Zona Eleitoral, Waldomiro Theodoro da Silva, ex-funcionário do gabinete de Garib, apresentou correspondência em papel timbrado da Cooperpas 1 (Cooperativa do PAS da Região Central) registrando o envio das carteiras para serem distribuídas no comitê.
A Cooperpas 1 foi escolhida pela prefeitura para gerenciar suas unidades de saúde na região central.
A correspondência era enviada pela Cooperpas à Assampc (Associação Amigos Pari Canindé), presidida por Theodoro da Silva.
No endereço da associação, onde as carteiras eram entregues por funcionários da cooperativa, fica o comitê de Garib. Segundo o vereador, o imóvel onde funciona o comitê pertence a um apoiador de sua campanha, e não à Assampac.
A troca de carteiras do PAS por votos no comitê de Garib no Pari (zona norte) foi flagrada pela Folha no dia 28 de agosto.
Quando a reportagem chegou ao local, pelo menos 20 pessoas esperavam em uma fila para retirar a carteira ou se cadastrar no PAS. Junto com o documento, recebiam material de campanha de Pitta e de Garib, com a recomendação de votarem nos candidatos.
Ontem, o secretário municipal da Saúde, Paulo Richter, disse que não ia se pronunciar sobre o uso eleitoral da máquina da prefeitura até tomar conhecimento do depoimento de Theodoro da Silva.
O vereador Garib, que também depôs ontem, afirmou ao juiz que não sabia da distribuição das carteiras em seu comitê. Disse que exonerou Theodoro da Silva de seu gabinete na Câmara por que ele teria feito propaganda ilegal.
O vereador ainda negou ao juiz que fosse todas as terças-feiras despachar em seu comitê no Pari, conforme afirmou à Folha seu ex-assessor e a recepcionista do comitê.
A promotora Berenice Matuck, da 1ª Zona Eleitoral, deverá decidir nos próximos dias que medidas solicitará à Justiça a partir dos depoimentos tomados ontem.

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