São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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Teleimoralidades

JANIO DE FREITAS

As compras e contratações feitas sem licitação, a pretexto de serem apenas extensões de contratos, acontecem na área das telecomunicações com sem-cerimônia e inconsequência jamais vistas em governos anteriores, quando se incluíam no que os peessedebistas consideravam imoralidades administrativas.
Em mais um desses atos, o Ministério das Comunicações autorizou a Telemig a contratar com a Telecom e a Equitel, por simples aditivo a contrato do passado, o fornecimento de mais 140 mil terminais telefônicos. O que foi providenciado com a rapidez esperável nesses casos.
Mas a contratação malandra não envolve só rede telefônica. A outra é menos sonora, mas funciona muito mais. A Telemig é estatal filiada à hiperestatal Telebrás, que é presidida por Fernando Xavier, que é ex-presidente da Telecom e é operador de confiança de Sérgio Motta, que ostenta o título de ministro das Comunicações sem que faça mais do que campanhas eleitorais do PSDB pelo Brasil afora -à custa, é claro, dos cofres públicos.
O benfeitor
Em comparação com o eleitorado em geral, o de Vitória não é menos vítima ou testemunha da brutalidade que continuam sendo as mensalidades escolares, desde o início do Plano Real. Solucioná-las foi o compromisso assumido por um certo Luiz Paulo Vellozo Lucas quando nomeado secretário de Acompanhamento Econômico.
O cargo, os vencimentos e as mordomias governamentais só foram utilizados, porém, para fins políticos do ocupante-beneficiário. Que, até então figura fácil do Leblon, hoje é candidato do PSDB a prefeito de Vitória. E encabeça as pesquisas, sem que se saiba de mais credenciais suas do que o benefício deixado aos donos de escolas e, de quebra, um outro aos donos de postos de combustível.
O eleitorado brasileiro é excepcional pelo seu nível de informação.
Os seres do lixo
Embora não fosse citada nominalmente no texto "Os sem-lixo", a promotora de Justiça Eunice Pereira Amorim de Souza, responsável pela ação judicial contra o Lixão de Brasília e os que nele vivem, considera necessários certos "esclarecimentos para o julgamento público". Seguem-se os trechos que me pareceram mais ilustrativos de sua carta.
Ao promotor, representando o Ministério Público, "incumbe promover as medidas legais e necessárias para a proteção do patrimônio público, social e do meio ambiente -cujos valores devem ser respeitados por todos, independentemente do grau social. (...) Vale ressaltar que o Lixão encontra-se a poucos metros do Parque Nacional de Brasília.
"A ação do Ministério Público não pretendeu retirar os tantos catadores de lixo...ao contrário, com a adequação que o Serviço de Limpeza Urbana deverá fazer no Lixão, em decorrência da nossa iniciativa, será possível um trabalho mais digno àqueles catadores. (...) A decisão de retirar os catadores de lixo e implementar um programa assistencial mediante o fornecimento de bolsa-educação e duas refeições diárias, deve-se exclusivamente ao juiz de primeiro grau, que...entendeu da necessidade de isolar a área do Lixão, de modo a impedir a difusão eólica do lixo, bem como afastar homens e animais da área".

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