São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996 |
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Cade condiciona a compra da Kolynos
ALEX RIBEIRO
Essa e outras restrições foram sugeridas pela conselheira do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) Lúcia Helena Salgado para que fosse aprovada pelo conselho a compra da Kolynos pela Colgate. A conselheira ofereceu à Colgate três opções para reduzir o grau de concentração de mercado, durante julgamento no Cade que ainda ocorria até o fechamento desta edição. Até as 20h30 de ontem, outros três dos sete conselheiros do Cade -presidido por Gesner Oliveira- já haviam seguido o voto de Lúcia, relatora do processo. Com isso, o voto já estava aprovado. A primeira sugestão foi a suspensão do uso da marca Kolynos pela própria empresa durante quatro anos. Nesse período, entretanto, a empresa poderia ceder o direito de uso do nome Kolynos associado a marcas de distribuidores ou supermercados. Alternativas Exemplo: a Colgate poderia ceder durante tempo limitado a marca para um supermercado. Na embalagem do produto, sugeriu a relatora, deveriam vir a marca da Kolynos e a do supermercado. A segunda alternativa proposta por Lúcia foi o licenciamento durante 20 anos da marca Kolynos para um outro fabricante. A terceira alternativa foi a venda pura e simples da marca Kolynos para uma empresa que detenha menos de 1% do mercado de cremes dentais. O conselheiro Paulo Dyrceu Pinheiro acompanhou o voto da relatora, fazendo a ressalva que, em sua opinião, o período de quatro anos para a suspensão do uso da marca pode ser muito grande e causar prejuízos ao consumidor. Os conselheiros Édison Rodrigues-Chaves e Leônidas Xausa acolheram integralmente o voto da relatora. Concentração Segundo a relatora, a aquisição dá à Colgate domínio de 78% do mercado de cremes dentais e dificulta a entrada de concorrentes no setor. A Lei Antitruste, de 94, confere ao Cade poder para vetar compras e fusões de empresas que resultem em domínio de mais de 20% do mercado. A marca Kolynos é a que detém a maior fatia no mercado de cremes dentais, com domínio de 51%. A Colgate tem 27%, e a Gessy-Lever (fabricante do creme Close-up), 21%. A decisão do Cade teria validade apenas para os cremes dentais. A Colgate-Palmolive poderia usar a marca Kolynos em fios dentais, enxaguantes e escovas. Se confirmada, a decisão do Cade será inédita e representará uma vitória da Procter & Gamble, que fabrica no exterior e importa para o Brasil a marca Crest. A empresa disputou com a Colgate a compra da Kolynos em uma licitação privada internacional, mas foi preterida diante de uma oferta de US$ 1,04 bilhão da concorrente. Texto Anterior: Salário será menor em nova fábrica Próximo Texto: Sacoleiros querem ter status legal de microimportadores Índice |
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