São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
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3º no par ou ímpar

CARLOS SARLI

Muito se tem falado sobre o Brasil ser a terceira potência mundial no surfe. É verdade, somos realmente. Mas, de fato, existem três potências, o que nos coloca em último lugar.
É bom clarear que me refiro ao desempenho na água. Fora dela, a indústria do surfe brasileiro profissionalizou-se e apresenta taxa de crescimento superior à de outros segmentos.
Voltando para a arrebentação, dos 44 competidores que compõem a elite mundial, à exceção de um taitiano e um sul-africano, três nações dominam o ranking: EUA, Austrália e Brasil, pela ordem.
Se considerarmos, como faz a ASP (Association of Surfing Professionals), que organiza o circuito, o Havaí como nação, aí nem em terceiro estaremos.
Em número de atletas, empatamos com oito. Mas, em resultados, os havaianos estão dando banho. Três deles estão entre os dez primeiros. Nenhum brasileiro. Dos ilhéus do Pacífico, seis permaneceriam no "tour" de 97, considerando o ranking de hoje, contra só três do Brasil.
Ao que parece, o Havaí está gradativamente retomando um posto que foi seu, entrando no esquema que já foi dominado pelos australianos e, mais tarde, rachado com os americanos.
Era algo inevitável para os atletas profissionais, em detrimento do "soul surfing". Quem já foi ao Havaí compreende. "Para quê competir, se eu tenho o paraíso todo para mim?", traduz a preterida filosofia.
O que falta então para termos um campeão mundial? Comparando com o Havaí, ondas. Mas, em relação aos EUA e mesmo à Austrália, temos ondas suficientes, com a vantagem da temperatura mais favorável.
Falta uma estrutura que estimule as categorias de base. Falta um trabalho consistente de marketing. Falta inteligência no desenvolvimento técnico dos atletas. Assim, com o tempo, nossos atletas deixariam de ver ídolos dentro d'água e passariam a vê-los como adversários.

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