São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Matei a garota por amor, diz professor

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O professor Regivaldo dos Santos, 30, disse ontem em Recife (PE) que participou do assassinato da menina Juceline Belarmina de Araújo, 8, ocorrido domingo, em Garanhuns (PE), "por amor" ao namorado -o desempregado Gilberto Justo da Silva, 18.
No sábado, segundo Santos, os dois e mais J.P.S., 14, haviam tido uma reunião com o pai-de-santo Fábio Cavalcanti Haji, 26, que lhes teria pedido o sangue de uma criança para fazer um "trabalho espiritual".
"Eu tinha um caso com o Gilberto. Aí ele disse que, se eu o amasse, devia fazer. Aí eu fiz. Matei para provar meu amor por ele", afirmou Santos.
Haji e J.P.S. também mantinham um relacionamento amoroso. Os quatro estão presos. Todos moravam em Garanhuns (229 km a sudoeste de Recife).
Ontem, Santos, Haji e Silva foram encaminhados para o presídio Aníbal Bruno, em Recife.
J.P.S. está detido desde anteontem em uma instituição para adolescentes, em Caruaru (130 km a oeste de Recife).
Haji negou qualquer participação no caso e disse que não havia feito "nenhum pedido de sangue a ninguém".
Silva também nega que tenha assassinado a menina -disse que "chegou a pegar no pescoço dela", mas que teria ido embora antes de ela morrer. Afirmou que não foi à polícia para fazer a denúncia por "medo de ser preso".
"Houve um crime e todos estão envolvidos. O resto é conversa para tentar fazer confusão", disse o secretário de Segurança de Pernambuco, Antônio Moraes.
Murros
Santos é formado em Magistério (2º grau) e era professor contratado da escola estadual Virgem do Socorro, ganhando R$ 340 por mês. Juceline estudava na escola.
Ele disse ter atraído a menina. "Eu chamei, ela me conhecia, aí veio."
O professor disse que ajudou a dar "uns murros" na menina até que ela desmaiasse. Segundo ele, não foram utilizadas armas -"só as mãos".
Santos afirmou que a menina foi asfixiada e estrangulada por J.P.S. -o laudo do Instituto Médico Legal só sai na próxima semana. Em seguida, ainda conforme Santos, J.P.S. teria violentado o ânus e a vagina da menina. A Agência Folha não conseguiu falar ontem com J.P.S..
O corpo de Juceline foi encontrado enterrado com parte da cabeça para fora, coberta por mato.
O professor Santos disse que o buraco não tinha a profundidade suficiente e por isso tiveram de cobrir a cabeça dela com mato.
Indagado três vezes pela reportagem se havia recolhido o sangue da menina, ele só respondeu na última -"Não".
Santos afirmou que não sabia qual era o "trabalho" que o "'pai-de-santo" iria fazer com o sangue.

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