São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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Matei a garota por amor, diz professor
VANDECK SANTIAGO
No sábado, segundo Santos, os dois e mais J.P.S., 14, haviam tido uma reunião com o pai-de-santo Fábio Cavalcanti Haji, 26, que lhes teria pedido o sangue de uma criança para fazer um "trabalho espiritual". "Eu tinha um caso com o Gilberto. Aí ele disse que, se eu o amasse, devia fazer. Aí eu fiz. Matei para provar meu amor por ele", afirmou Santos. Haji e J.P.S. também mantinham um relacionamento amoroso. Os quatro estão presos. Todos moravam em Garanhuns (229 km a sudoeste de Recife). Ontem, Santos, Haji e Silva foram encaminhados para o presídio Aníbal Bruno, em Recife. J.P.S. está detido desde anteontem em uma instituição para adolescentes, em Caruaru (130 km a oeste de Recife). Haji negou qualquer participação no caso e disse que não havia feito "nenhum pedido de sangue a ninguém". Silva também nega que tenha assassinado a menina -disse que "chegou a pegar no pescoço dela", mas que teria ido embora antes de ela morrer. Afirmou que não foi à polícia para fazer a denúncia por "medo de ser preso". "Houve um crime e todos estão envolvidos. O resto é conversa para tentar fazer confusão", disse o secretário de Segurança de Pernambuco, Antônio Moraes. Murros Santos é formado em Magistério (2º grau) e era professor contratado da escola estadual Virgem do Socorro, ganhando R$ 340 por mês. Juceline estudava na escola. Ele disse ter atraído a menina. "Eu chamei, ela me conhecia, aí veio." O professor disse que ajudou a dar "uns murros" na menina até que ela desmaiasse. Segundo ele, não foram utilizadas armas -"só as mãos". Santos afirmou que a menina foi asfixiada e estrangulada por J.P.S. -o laudo do Instituto Médico Legal só sai na próxima semana. Em seguida, ainda conforme Santos, J.P.S. teria violentado o ânus e a vagina da menina. A Agência Folha não conseguiu falar ontem com J.P.S.. O corpo de Juceline foi encontrado enterrado com parte da cabeça para fora, coberta por mato. O professor Santos disse que o buraco não tinha a profundidade suficiente e por isso tiveram de cobrir a cabeça dela com mato. Indagado três vezes pela reportagem se havia recolhido o sangue da menina, ele só respondeu na última -"Não". Santos afirmou que não sabia qual era o "trabalho" que o "'pai-de-santo" iria fazer com o sangue. Próximo Texto: Acusado consolou a família depois do assassinato Índice |
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