São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Brasil vai importar energia da Argentina

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro vai importar energia elétrica pela primeira vez com o objetivo de suprir as necessidades internas.
O cronograma para a operação está concluído. O ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) pretende lançar os editais de licitação em 20 de outubro.
Por ser o país vizinho com maiores disponibilidades, a Argentina foi a escolhida para vender 450 megawatts de energia (o necessário para manter uma cidade como Brasília) ao Brasil.
Haverá licitações para as termelétricas argentinas. A energia chegará ao país por meio da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul).
O governo federal também fará licitações para a compra de energia privada para os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O ministério licitará na mesma data a aquisição de energia para os dois Estados -cada um deverá comprar 250 megawatts.
Urgência
Pela urgência do negócio, os fornecedores privados terão de garantir a disponibilidade da energia no prazo de um ano.
Nesse período, o vencedor da licitação terá de construir e colocar em operação usinas termelétricas (a óleo diesel). Caso o prazo seja descumprido, haverá multas, que serão previstas no edital e no contrato de fornecimento.
O governo programou as operações por considerar que existe risco de falta de energia. A Eletrobrás prevê dificuldades de abastecimento na ponta (ao consumidor final) no Rio de Janeiro e em Brasília a partir do final do ano que vem.
Risco
Esse risco cresce no mesmo ritmo do aumento do consumo de aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos pela classe média após o Plano Real.
Com o fim da inflação e o consequente aumento do poder aquisitivo da população, cresceram muito as vendas de aparelhos de ar condicionado, geladeiras, televisores, videocassetes e outros.
O Ministério de Minas e Energia decidiu que não haverá gasto de dinheiro público -do Tesouro ou de estatais- na construção de hidrelétricas. Apenas os projetos já iniciados terão recursos assegurados.
A importação de energia será possível devido a um decreto assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no último dia 13. Até então, a energia só podia ser comercializada pelas estatais do setor.
O governo federal só fez importações no passado por intermédio da Itaipu Binacional, empresa que podia fazer a operação justamente por pertencer a dois países -Brasil e Paraguai.

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