São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Sindicatos são contra 'salários variáveis'

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Os líderes sindicais da Argentina declararam guerra às propostas de flexibilização na legislação trabalhista feitas pelo governo. A CGT (Confederação Geral do Trabalho) exigiu ontem ser ouvida sobre a reforma quando os projetos chegarem ao Congresso.
Além disso, a central sindical incluiu o tema "flexibilização" na campanha publicitária de convocação para a próxima greve geral, marcada para os dias 26 e 27 deste mês. O slogan da campanha é "Paro y medio" (greve e meia), em referência às 36 horas de duração da paralisação.
O líder da CGT, Rodolfo Daer, considerou um "incentivo" à greve a divulgação do projeto do governo que cria "salários variáveis", com uma parte fixa e outra móvel, cujo pagamento poderia ser suspenso pelas empresas em dificuldades. "Rechaçamos estas medidas, pois elas só beneficiam os empresários", disse Daer.
Diante das reações negativas à proposta, o ministro do Trabalho, Armando Caro Figueroa, negou que possa haver reduções nos atuais salários, formados por uma parte básica e por adicionais.
O governo também insistiu na tese de que a flexibilização permitirá a criação de empregos. Citando um relatório do Banco Mundial, a economista Carola Pessino disse que a taxa de desemprego cairá para "um dígito" se as medidas forem adotadas.
Pessino, que é assessora do Ministério da Economia, citou a Malásia e a Nova Zelândia como exemplos de países em que a flexibilização ajudou a reduzir o desemprego.
Segundo estatísticas oficiais, referentes a maio, o desemprego afeta 17,1% da população economicamente ativa da Argentina.
Relatório do Banco Mundial indica que a duração média do desemprego passou de 12,9 semanas, em 1991, para quase 45 semanas, em 1995.
O ministro do Trabalho apresentou ontem os projetos de flexibilização aos integrantes do influente Grupo dos Oito, que reúne representantes dos principais setores empresariais. Os empresários não quiseram falar com a imprensa após o encontro.
Pacote
O pacote fiscal do ministro Roque Fernández não sofreu alterações na votação no plenário da Câmara dos Deputados, que terminou na madrugada de ontem.
Com a ajuda de pequenos partidos aliados ao governo, o Partido Justicialista (situação) conseguiu aprovar medidas como o aumento do imposto sobre os combustíveis, que deve gerar arrecadação suplementar de US$ 1,6 bilhão em 1997.
A aprovação será levada como trunfo pelo ministro Fernández, que inicia hoje uma viagem aos EUA, onde se encontrará com representantes dos principais organismos financeiros internacionais.

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