São Paulo, sábado, 21 de setembro de 1996
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Pizzarelli vem cantar baladas românticas

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ele não está nem aí se alguns podem achá-lo careta. No próximo Free Jazz Festival, em outubro, o norte-americano John Pizzarelli vai cantar e tocar o que gosta: baladas românticas, temperadas com swing dos anos 30 e 40.
O fato de ser filho de um conhecido jazzista, o também guitarrista Bucky Pizzarelli (hoje com 70 anos), foi determinante nas opções musicais de John.
"Tive a sorte de começar a tocar com meu pai, um músico de swing já estabelecido. Isso facilitou muito as coisas para mim", disse Pizzarelli à Folha, por telefone, de Nashville (EUA).
Assim, ao contrário da grande maioria dos músicos de sua geração, que desde os anos 80 cultivam uma espécie de neobebop, John se converteu à tradição do swing.
"Sempre me senti confortável ao tocar o que eu toco. Acho ótimo que hoje quase não existam mais guitarristas tocando swing, muito menos os que também cantam. Assim, tenho minha categoria particular", afirma.
Peça a John Pizzarelli para citar seus ídolos musicais. Ele fará uma lista de vários mestres do swing, destacando ex-parceiros do pai, como Zoot Sims, Clark Terry ou Benny Goodman, com os quais também teve a chance de tocar.
Obviamente, como qualquer garoto nascido em 1960, John não escapou do contato com o rock. "Tenho duas irmãs mais velhas e cresci ouvindo Beatles, Allman Brothers, Eagles", lembra.
Porém, mesmo admitindo ter recebido influências do rock, Pizzarelli só as reconhece como vocalista -por cantores como Billy Joel ou James Taylor, que, como ele, também se interessavam por baladas e "standards".
"Canções bonitas sempre me atraíram", afirma o guitarrista, que, em seu recém-lançado CD "After Hours" (Novus/BMG), mergulhou no romantismo.
Revisitou clássicos da canção norte-americana, como "They Can't Take that Away from Me" e "But Not for Me" (dos irmãos Gershwin).
Boa parte desse repertório também vai compor os shows que Pizzarelli fará no Free Jazz (dia 12, em São Paulo; dia 13, no Rio). A seu lado, ele terá o mesmo trio que o acompanha no disco: o irmão Martin Pizzarelli (no contrabaixo) e Ray Kennedy (no piano).
Comparado a Chet Baker (1929-88) graças ao tom "cool" de seus vocais, Pizzarelli não consegue esconder a satisfação que a menção provoca. "Para mim, essa comparação soa sempre como um elogio. Adoro o modo simples e romântico como Chet cantava."
A reação é bem diversa quando se menciona o dublê de pianista e "crooner" Harry Connick Jr.
"Acho que nos comparam pelo fato de ele também ser jovem e cantar um repertório semelhante ao meu. Eu sempre toquei o tipo de música que gosto, mas acho que ele ainda não sabe muito bem o que quer da música", alfineta.
Já o guitarrista Mark Whitfield, que dividirá com Pizzarelli as mesmas noites do festival, recebe um elogio. "Eu o ouvi algumas semanas atrás, no North Sea Festival, e gostei. É um ótimo guitarrista."

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