São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996 |
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NA PONTA DA LÍNGUA
MARCELO LEITE Os 700 gatos pingados que compareceram à manifestação do Reage SP na Assembléia Legislativa de São Paulo demonstram que o movimento deve morrer da morte natural que muitos lhe previram.Não vejo razão para comemorar, por equivocadas que fossem suas motivações e prioridades. Afinal, com ele se enterra uma das raras promessas de ação coletiva contra a atmosfera social indecente que empesteia a maior cidade do país. A frouxidão do Reage SP, de resto, nasceu já com o seu nome. Note a diferença que uma vírgula pode ocasionar: "Reage SP"; "Reage, SP". "Reage SP" combina mais com um bando de senhores bem-intencionados, mas politicamente míopes, arrastando os pés por uma rua qualquer arborizada e com edifícios de nomes amplos (Solar de Marialva, Maison d'Aquitaine) e quartos de empregada exíguos. "Reage, SP", não. É um chamado, uma exortação (ou vocativo, como ensinou o jornal "O Estado de S.Paulo" numa nota em que explicava por que adotara a vírgula). Insiste teimosamente em tratar a cidade como um coletivo, como a comunidade que deveria ser. Dado ao quixotismo, sugeri à Redação adotar a vírgula. Antes mesmo de esvair-se a decepção com o encontro no Ibirapuera, veio a resposta: o jornal permaneceria fiel ao nome chocho escolhido pelos organizadores. Texto Anterior: Folha vs. Globo Próximo Texto: Um grande silêncio Índice |
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