São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Pelé livra mais de 150 em 97

HUMBERTO SACCOMANDI; RUBENS LEME DA COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA E DA REPORTAGEM LOCAL

Folha levanta junto aos 24 clubes do Brasileiro relação de beneficiados com o passe livre

Lei Pelé livra mais de 150 em 97
Pelo menos 155 jogadores da divisão de elite do futebol brasileiro poderão decidir seus destinos no próximo ano, se for mantido o texto atual da nova lei do passe.
Esse é o resultado de um levantamento feito pela Folha junto aos 24 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro.
A legislação diz que, a partir de 1º de janeiro de 97, jogadores com 26 anos ou mais e que estejam sem contrato recebem passe livre.
Os clubes criticaram as novas normas, aprovadas pelo ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, há dez dias.
O Clube dos 13, associação que reúne as principais equipes do país, marcou uma reunião com Pelé para esta semana, para tentar negociar algumas alterações.
Caso não consigam mudanças significativas na regulamentação, terão de conceder o passe livre aos atletas contemplados pela lei.
O clube que pode perder mais jogadores é o Paraná. A equipe tem 11 atletas que estarão com 26 ou mais quando seus contratos vencerem em 1997.
Caso esses jogadores não renovem contrato com o Paraná, recebem o passe livre.
O Criciúma pode perder até dez jogadores. O presidente da equipe, Joacir Scremin, estima que o clube terá prejuízo de mais de R$ 1,5 milhão se não puder revender o passe desses atletas.
O conceito por trás desse tipo de cálculo é que o atleta é patrimônio do clube. Segundo Pelé e os sindicatos dos jogadores, isso se assemelha à escravidão.
Entre os dirigentes que mais estão reclamando, estão os do Botafogo, do Vasco e do Grêmio.
O motivo é que esses clubes podem perder algumas de suas principais estrelas.
O botafoguense Túlio receberia passe livre em janeiro. O vascaíno Edmundo, recém-comprado por US$ 5 milhões, no final de 97. O Grêmio perderia meio time titular ao longo do ano.
Os dirigentes desses clubes reivindicam um período de carência para a entrada em vigor da nova lei, sob a alegação de que não tiveram tempo para se preparar.
"Dá pra acreditar que alguém não sabia que o passe estava em discussão?", ironizou Pelé na última sexta, em visita ao Rio.
Prova disso é que algumas equipes já começaram a se preparar há algum tempo para a nova lei.
O Palmeiras, por exemplo, é um dos menos afetados, com apenas dois jogadores na lista.
Desde o final do ano passado, o clube paulista vem renovando o contrato de seus jogadores por prazos mais longos. O recém-contratado Viola assinou até o final de 1998.
(HUMBERTO SACCOMANDI e RUBENS LEME DA COSTA)

LEIA MAIS sobre a lei do passe às págs. 3 e 4

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