São Paulo, domingo, 22 de setembro de 1996
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Fuzileiros têm corpo de baile

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "THE WALL STREET JOURNAL"

A companhia de balé de Waterville, Maine (EUA), recuperou-se de um fracasso comercial que quase a levou à falência graças a um quadro de diretores inusitado, diz o jornal. A companhia tem uma administração integrada apenas por ex-fuzileiros navais.
O primeiro a entrar foi o coronel da reserva Michael Wyly, 56. Sua filha estuda balé na companhia de Waterville, que havia sido fundada por Andrei Bossov, um ex-bailarino da companhia russa Kirov.
Em dezembro do ano passado, Bossov montou "O Quebra-Nozes". Apesar do sucesso de público, o espetáculo custou US$ 200 mil e rendeu apenas US$ 80 mil.
"Com cheques rodopiando à sua volta como bailarinas, Bossov escapou para São Petersburgo, Rússia", diz o "WSJ".
Foi aí que entrou em cena Wyly "que descobriu que gostava de balé quando era um jovem capitão vivendo em Washington no final da década de 60, pouco antes de voltar ao Vietnã". "O coronel se apresentou como voluntário para ser diretor-executivo da companhia. Cavou trincheiras e começou a lutar", escreve o "Journal".
Wyly convenceu Bossov a voltar à cidade e recebeu ele próprio os "irritados credores do bailarino russo". O militar reformado disse ao diário que sua "experiência anterior com o caos e o descontentamento" ajudou muito.
"Era mais ou menos como receber telefonemas de pais de soldados atingidos em minha companhia no Vietnã. Eles gritavam comigo e eu dizia 'está bem'.".
"Quando os empresários locais -ainda furiosos com os cheques sem fundo- se recusaram a ir em sua ajuda, Wyly chamou reforços", segundo o jornal. "Os velhos companheiros fuzileiros navais."
"Eu não hesitei", disse ao jornal Arthur Bredehoft, ex-fuzileiro que dirige uma empresa de transportes no Texas. Ele não conhece nada de balé mais disse que sua confiança se deve ao caráter de Wyly.
Wyly usou no balé uma doutrina que introduziu na companhia de fuzileiros antes de dar baixa. Um sistema de trocar informações e tomar decisões rápidas, que faz uso intenso de computadores. As reuniões da diretoria da companhia se dão via internet, com cada ex-fuzileiro em sua própria casa.

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