São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Crowes lança álbum "familiar"

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

"Three Snakes and One Charm" é o novo disco da banda Black Crowes, que acaba de ser lançado no Brasil. O quinteto de Atlanta, liderado pelos irmãos Chris (vocal) e Rich Robinson (guitarra), continua fazendo hard rock com inspiração na música do sul dos Estados Unidos.
Para a gravação de "Three Snakes and One Charm", a banda se refugiou numa casa que virou quase comunidade hippie, segundo o baterista Steve Gorman.
"Chris e Rich tinham várias canções e nós fomos gravar. Foi um ambiente ótimo, com nossas mulheres, cachorros e tudo mais", afirmou à Folha.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
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Folha - O que espera do novo disco?
Steve Gorman - Não sei. Achava que "Amorica" era um ótimo disco e foi sucesso em alguns lugares e nem tanto em outros. Achava que "Shake Your Money Maker" era razoável e fez um grande sucesso. Não dá para prever. Mas, como todos os discos, é o que queríamos fazer naquele momento.
Nós gravamos em uma casa, o que foi muito diferente, muito bom. Todos moramos juntos, com nossos cachorros, nossas mulheres, todo mundo cozinhando, foi ótimo. Quando ouço o disco é como um álbum de fotos de três meses da minha vida. É muito pessoal.
Folha - Qual era a idéia por trás de "Three Snakes and One Charm"?
Gorman - Nós nunca discutimos o que vai ser o disco. Enquanto estávamos na turnê, pensamos em fazê-lo. E Chris e Rich (Robinson) passaram uma semana juntos e disseram que já tinham várias canções, então decidimos colocar tudo junto. É só isso.
Folha - O que você achou de São Paulo?
Steve Gorman - Foi ótimo. É tão estúpido como as pessoas ficam colocando medo em cada país que você vai. Nos disseram para tomar cuidado no Rio, mas São Paulo foi muito legal. A cidade é grande e a multidão também é ótima. As melhores platéias que tivemos foram na Itália, Espanha e no Brasil.
Folha - Apesar de vender muito, vocês são uma banda de hard rock, o que não está em alta.
Gorman - Definitivamente não estamos na moda. Nós não tocamos para fazer algo novo. Todos na banda são fãs de rock e cresceram ouvindo country, bluegrass e soul, gospel. São todas músicas tradicionais do sul dos EUA.
Folha - Quem são os seus fãs?
Gorman - Eles gostam de música. Não ouvem apenas Crowes. No show havia uma banda de New Orleans, country music e nossos fãs respondem quando vêem boa música, de New Orleans, de Nashville. Eles tem uma cabeça aberta.
Folha - Como é sua ligação com a legalização da maconha?
Gorman - A banda não é exatamente engajada. Nós participamos da coletânea Hemplation (para legalização da maconha). A banda apenas respondeu sim a uma questão, não mentimos. Sim, nós usamos maconha, o tempo todo. Mas a maconha nunca vai ser legalizada nos EUA.
Folha - E a volta da heroína?
Gorman - Isso é moda. Heroína é quase como Donna Karam. Mas é uma droga que sempre esteve por aí. Há cada 15 anos muita gente começa a usar, muita gente morre e depois passa.

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