São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Filha confirma a operação de Ieltsin

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A filha do presidente Boris Ieltsin, Tatiana Diatchenko, iniciou ontem uma polêmica com o médico dele, Renat Aktchurin, sobre a operação de seu pai.
Tatiana disse à TV estatal que a operação cardíaca de seu pai já está decidida -só falta marcar a data. O cardiologista Aktchurin disse que a operação é extremamente grave e deu a entender que o estado de saúde de Ieltsin pode impedir que ela seja feita.
Uma junta médica deve se reunir na quarta-feira para discutir a situação de Ieltsin. Segundo a filha dele, o presidente está decidido a ser operado, e a reunião servirá apenas para "marcar uma data e detalhes médicos".
Segundo Aktchurin disse em outra entrevista à TV russa ontem, caso a operação não aconteça, Ieltsin teria de mudar seu estilo de vida. "Deveríamos então criar condições especiais para ele, reduzindo sua atividade física. Mas acho que o presidente não iria tolerar."
Segundo ele, a operação deve acontecer dentro de um ou dois meses. Mesmo assim, Aktchurin ainda não examinou Ieltsin. Seus comentários se baseiam em "relatos da mídia e de outros médicos", segundo ele mesmo.
Tatiana disse que as especulações sobre a saúde do pai são exageradas. "As pessoas comuns expressam pesar e preocupação. Mas alguns líderes políticos e certos jornalistas, no meu modo de ver, superam a fronteira do admissível. É muito desagradável", disse.
Ieltsin está internado no Centro Médico da Presidência -o hospital do Kremlin- e passa a maior parte do tempo com a mulher, Naina, também internada após uma operação nos rins.
Segundo a filha do casal, Ieltsin lê os jornais e assiste os noticiários diariamente.
Aktchurin negou declaração dada na sexta-feira à TV americana ABC de que Ieltsin tivera um infarto no meio do ano. Segundo ele, o presidente teve ataque cardíaco que não pode ser considerado um infarto -o médico disse que se usou a expressão inglesa "heart attack". Segundo ele, esse "ataque" teria sido uma crise de angina -problema de irrigação cardíaca, que já o afetara duas vezes.
A declaração de sexta-feira causou constrangimento no Kremlin, a sede do governo russo. Nenhum porta-voz confirmou as suspeitas de que Ieltsin não tem condições de ser operado.
O médico disse que o eletrocardiograma de Ieltsin tem marcas de um ataque recente. "Meu propósito na entrevista foi dizer que poderemos adiar a cirurgia, mas vamos tentar manter a operação", disse.
Os médicos já disseram que a chance de fracasso da operação, provavelmente uma ponte de safena, pode chegar a até 10% dependendo do estado do paciente, mas Aktchurin disse que a disposição de Ieltsin em ser operado é um fator positivo. "Não se preocupe, não pretendo ficar na sua mesa de operação", teria dito Ieltsin ao seu médico.

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