São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 1996
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Ocidente vive "febre" irlandesa

ALCINO LEITE NETO
DO ENVIADO ESPECIAL À EUROPA

Há uma febre irlandesa hoje no Ocidente, desde que o poeta Séamus Heaney recebeu o Nobel de Literatura no ano passado.
No início deste mês, o Festival de Cinema de Veneza resolveu espantar seu habitual marasmo e, num gesto ousado, premiou com o Leão de Ouro (melhor filme) o polêmico "Michael Collins", dirigido pelo irlandês Neil Jordan.
O filme é a saga do herói nacionalista Michael Collins (1890-1922), fundador do IRA (Exército Republicano Irlandês).
Nos EUA, dois livros inflamaram público e crítica: "Como os Irlandeses Salvaram a Civilização: a História Não-Contada da Irlanda da Queda de Roma até a Ascensão da Europa Medieval" e "Inventando a Irlanda: a Literatura da Nação Moderna".
O primeiro ficou semanas na lista de best sellers do "New York Times", com sua tese de que a ilha irlandesa cuidou da preservação da cultura européia quando os bárbaros invadiram o continente.
Escrito por Thomas Cahill, "How the Irish Saved Civilization: The Untold Story of Ireland's from the Fall of Rome to The Rise of Medieval Europe" foi publicado pela editora Anchor (US$ 12,95).
O segundo livro, de Declan Kiberd, causou controvérsia ao afirmar que os irlandeses são os "negros" da Europa, e que o país viveu uma história de colônia terceiro-mundista. "Inventing Ireland: The Literature of The Modern Nation" foi lançado pela Harvard University Press (US$ 35).
Beckett em detalhes
Uma nova biografia do escritor Samuel Beckett (1906-1989) promete reavivar o interesse por esse crucial irlandês do século 20.
"Damned to Fame" ("Condenado à Fama", Bloomsbury, 37,50 libras) deveria ter chegado às livrarias britânicas na semana passada.
Seu autor, James Knowlson, foi amigo íntimo do dramaturgo e investigou a participação de Beckett na Resistência francesa, durante a Segunda Guerra Mundial, bem como a sua discreta vida amorosa.
Beckett foi o terceiro Nobel de Literatura da Irlanda, depois de W.B. Yeats (1865-1939) e Bernard Shaw (1856-1950).
No ano que vem, o mundo deve curvar-se em homenagens a um outro irlandês: Bram Stoker, o autor de "Drácula".
O clássico de terror estará completando 100 anos de publicação, e seu autor, católico de Dublin, 150 anos de nascimento.
(ALN)

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