São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Agências recebem menos da Petrobrás

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A Petrobrás está pagando às agências de publicidade menos do que determina a lei, disse ontem seu diretor Mario Divo.
Segundo a lei 4.680, de 1968, os anunciantes devem pagar às agências 20% das suas despesas com mídia, mas hoje são poucas as empresas que cumprem essa determinação. A maioria negocia outras formas de remuneração.
Até recentemente, o governo continuava pagando os 20%. Mas os últimos contratos fechados pela Petrobrás, depois de licitações, prevêem o pagamento de comissões de 5% e 15%, especificou o diretor da Petrobrás durante seminário sobre o relacionamento entre anunciantes e agências, promovido pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP).
A mudança na forma de pagamento dos anunciantes tem afetado os resultados financeiros das agências. "Como qualquer empresa, uma das nossas reivindicações é encontrar maneiras de tocar nossos negócios de forma lucrativa", afirmou Daniel Barbará, diretor comercial da DPZ.
Pouca satisfação
Em vez de pagar a comissão de 20% estabelecida pela lei, agências e anunciantes estão negociando novas fórmulas.
Um dessas formas é vincular o pagamento a ser feito à agência ao resultado das vendas de um determinado produto depois de uma campanha publicitária. Outra é pagar segundo o número de horas trabalhadas pelos funcionários.
Remuneração não é o único problema no relacionamento entre agências e anunciantes. Levantamento do instituto de pesquisa Interscience com 120 dos 150 maiores anunciantes mostra que o grau de insatisfação com as agências é grande. Tanto que 60% dessas empresas informaram ter trocado de agência nos dois últimos anos.
Como até agora o governo continuava pagando os 20% determinados pela lei, as licitações por contas estatais atraíram neste ano dezenas de agências. A ABP calcula que o governo ainda é responsável por 25% dos negócios publicitários.
Os publicitários também estão tentando mudar as regras adotadas pelo governo. A principal reivindicação da categoria é que as licitações para o setor levem em consideração as especificidades da publicidade.
Talento
"As atuais normas são muito técnicas, como se fossem para a compra de equipamentos ou parafusos. Mas como se pode medir o talento?" diz Roberto Bahiense de Castro, presidente da ABP.
Além disso, participar de uma licitação segundo as atuais regras acaba saindo caro para uma agência, que precisa preparar uma campanha como se ela fosse ser apresentada ao público, com um custo estimado pelos publicitários entre R$ 20 mil a R$ 30 mil cada.

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