São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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Brasil ataca falta de credibilidade da ONU

PATRICIA DECIA

PATRICIA DECIA; CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

Lampreia discursa para platéia quase vazia

A 51ª Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) começou ontem em meio a uma crise de credibilidade e agravamento das dificuldades financeiras da organização.
Em seu discurso de abertura, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, criticou a falta de eficácia das decisões da ONU e pediu uma reestruturação da entidade.
"As pessoas não acham mais que a entidade é capaz de proteger a paz, os direitos humanos, enfim, de realizar seus grandes objetivos", afirmou o ministro à Folha.
Um dos motivos para isso é o desacordo entre o secretário-geral Boutros Boutros-Ghali e o governo norte-americano.
"Os EUA vão vetar a nova nomeação de Ghali para o cargo, tive certeza disso durante visita a Washington. O Brasil é favorável, mas se outro nome for escolhido, defenderá um nome africano."
Minas
Lampreia abriu a sessão, como já é tradição, falando para um auditório quase vazio.
Em seu discurso, anunciou a decisão do Brasil de suspender a exportação de minas terrestres e reafirmou a intenção de assinar imediatamente o tratado sobre a proibição dos testes nucleares. Minutos antes, ele havia se encontrado com o secretário-geral.
"Tratamos de questões de meio ambiente, apresentando a candidatura de Henrique Brandão Cavalcante para a presidência de uma sessão especial sobre o tema a ser criado pela ONU", afirmou.
A reformulação do Conselho de Segurança com a inclusão de outros membros, defendida no discurso de Lampreia, não parece possível a médio prazo na opinião do ministro.
"O assunto Conselho de Segurança está mais parado do que o trânsito na 1ª avenida (Nova York). Além disso, a inclusão do Brasil não é prioridade para nós."
Lampreia disse ainda que é provável a prorrogação da permanência das forças de paz da ONU em Angola, da qual fazem parte 1.200 brasileiros. Hoje, ele se reúne com ministros de Estado e toma café da manhã com Henry Kissinger.

Colaborou Cláudia Trevisan, em Nova York

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