São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996
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O grande festim

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Quem estranha ou reclama das baixarias da campanha eleitoral para prefeitos e vereadores ainda não viu nada. Mês que vem, oficialmente, será aberta a grande temporada para a próxima campanha presidencial, com um penduricalho novo (a emenda da reeleição), perdulariamente inaugurada tão logo sejam conhecidos os resultados de 3 de outubro.
Será um festim. Afinal, as diferenças entre os golpes baixos para a eleição de um prefeito ou de um presidente da República são apenas de grau, não de gênero. Tudo é a mesma coisa, os mesmos exemplares da fauna política, os mesmos objetivos. Muda somente o volume, tanto das baixarias como dos compromissos e preços.
Semana passada, tivemos o caso das inserções eleitorais na programação da TV Globo. Se o recurso foi usado para eleger um político ligado ao governo federal, para reeleger FHC a selva será maior e mais áspera. Já está valendo tudo. O que valerá depois?
Para vencer o primeiro embate (a emenda à Constituição), o Planalto já tem aquilo que a dupla formada pelo PSDB e PFL chama de "estratégia". Será, mais ou menos, como numa votação por colégio eleitoral. Os votantes são conhecidos e, tirante aqueles que votam a descoberto (o pessoal que insiste na burrice de ser do contra), o alvo a ser atingido são aqueles que franciscanamente aguardam ser convencidos pelo ministro e tesoureiro Sérgio Motta (mais tesoureiro do que ministro), com suas burras abarrotadas de contribuições e sua eficiente caneta para dar concessões.
O pessoal da mídia já está da mesma forma avaliado. O governo conhece e reconhece seus prestativos admiradores, sabe mais ou menos o que eles querem e o preço que valem. O festim dará para todos.
Como a turma de cima é meio sem modos, come selvagemente com as mãos, sobrará muita migalha para a turma de baixo. Fartura é para essas coisas e momentos.

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