São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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SP e RJ exibem divergências em segurança

SP quer mais policiais; o Rio, menos

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Governados pelo mesmo partido -o PSDB-, São Paulo e Rio divergem radicalmente em suas propostas de segurança pública.
As diferenças foram apresentadas ontem pelos secretários de Segurança José Afonso da Silva, de São Paulo, e Nilton Cerqueira, do Rio, durante o seminário "Segurança e Violência", realizado na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Afonso da Silva, 71, atribuiu parte da violência ao consumo de álcool e defendeu horários de fechamento para bares. O secretário paulista também atacou a liberdade atual no comércio de armas.
"Quando se fala em aumento de segurança, só se fala em mais policiais nas ruas. Certo. Mas quem vive do comércio de armas também está colaborando com a violência nas cidades", declarou.
Ele afirmou ainda que o governo paulista quer dar prioridade à prevenção. "Claro que essa prevenção só pode ser feita através do aumento do número de policiais."
Afonso da Silva não apresentou nenhuma proposta de aumento salarial para os policiais do Estado, mas disse que "isso está sendo estudado pelo governo".
Já Nilton Cerqueira iniciou seu discurso afirmando que sua intenção é reduzir o número de policiais civis, de 9.000 para 7.000, até o fim do governo Marcello Alencar.
"Não nos interessa a quantidade de policiais, mas sim a qualidade de sua formação."
Para Cerqueira, 66, general reformado, a produtividade e empenho dos policiais estão diretamente ligados aos seus salários.
"Temos de gratificar policiais que arriscam a vida ao subir um morro para prender traficantes ou apreender armas", disse.
O secretário da Segurança do Rio afirmou ter apresentado um plano de carreira para policiais e que a proposta "foi bem aceita nas instituições e no governo".
Reação
Cerca de 50 empresários presentes ao seminário, pela manhã, demonstraram -com palmas- preferir as idéias de Cerqueira às de Afonso da Silva.
No fim do discurso, o secretário paulista foi aplaudido durante 6 segundos. O do Rio, por quase 15 segundos.
Ambos afirmaram não ver "problema" por terem idéias divergentes e integrarem governos tucanos (veja quadro ao lado).
"Nossa política é voltada para o cidadão, e isso estava e sempre esteve no plano de governo (de Mário Covas)", disse Afonso da Silva.
"Temos propostas que são apreciadas pelo nosso governador. Não estão saindo apenas da cabeça do secretário", afirmou Cerqueira.
'Força-tarefa'
O advogado Miguel Reale Jr. defendeu a criação de "forças-tarefa" formadas pelas polícias estaduais, Federal e Forças Armadas para combater o contrabando de armas, produtos e o narcotráfico nacional e internacional.

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