São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996 |
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Duas pessoas morrem metralhadas em atentado após comício em Maceió
ARI CIPOLA
O carro foi metralhado por um homem que estava em um Uno branco. O trio elétrico voltava do comício de Cordeiro quando foi fechado pelo Uno. Um dos homens que estavam no Uno desceu e fez os disparos. O atentado ocorreu em Jacarecica, litoral norte, em frente ao restaurante La Mama, meia hora depois de o candidato ter deixado o local. O candidato nem sequer foi ao comício. Achou mais produtiva a conversa que estava tendo com os eleitores no restaurante. Albérico Cordeiro tem o costume de voltar dos comícios de carona no trio elétrico. Candidato do governador Divaldo Suruagy (PMDB) e do presidente nacional do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho, ele tentou desvincular o crime à sua candidatura. Diz não possuir inimigos. O candidato prometeu pedir "paz" no horário eleitoral de hoje. "Vou pedir para que os espíritos sejam desarmados em Alagoas. Não se pode fazer política com vítimas, viúvas e órfãos." Cordeiro havia dito no horário eleitoral da noite de anteontem, cinco horas antes do atentado, que não recorreria a seguranças nem ao carro blindado usado pelo atual prefeito, Ronaldo Lessa (PSB). Lessa passou a usar um carro blindado depois que seu irmão, o ex-delegado Ricardo Lessa, foi metralhado ao chegar em casa, em 92. No atentado de ontem morreram o motorista do trio elétrico Arnaldo José Sobral, 30, e o técnico de som Eudes Canoa Pontes, 27. Os dois estavam na cabine do trio. Os operadores de som, Elielson Bispo Santos, 26, que é soldado da PM, e Ednaldo Timóteo da Silva, estavam na UTI do Hospital de Emergência de Maceió. O PM levou seis tiros. "Não vi nada. Estava muito cansado e dormi. Acordei com a dor." O diretor da Polícia Civil de Alagoas, Cícero Torres, afirmou que ainda não foi colhida nenhuma evidência de que o crime foi político e investiga possíveis "discórdias" do motorista. Torres afirmou que 200 homens das polícias Civil e Militar iniciam uma operação para desarmar a população alagoana na sexta-feira. A Secretaria de Segurança desaconselha a realização de comícios. "Já morreram mais de dez pessoas em comícios. Ontem (anteontem) prendemos 52 pessoas que se envolveram em brigas em comícios de Maceió. Sempre há muito sangue nas eleições de Maceió, mas estamos vivendo um clímax indesejável", afirmou. Vinte policiais foram enviados ontem para o município de Pindoba para garantir a segurança dos moradores locais em decorrência da morte do prefeito Lourenço Gerôncio Cardoso (PSC), 43, assassinado num tiroteio com seu próprio segurança, após um comício na noite de anteontem. Ontem morreu o segurança Claudionor Freire, que foi atingido por dois tiros. Morreu também o segurança Sérgio Fernandes da Silva, que teria atirado contra o prefeito, segundo a polícia. Texto Anterior: Boné vira confete para Pitta e Serra Próximo Texto: Ilha da fantasia Índice |
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