São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996
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Ieltsin será operado em até 8 semanas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A junta médica que assiste o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, determinou que vai operá-lo dentro de um prazo de seis a oito semanas.
O período servirá para que o músculo cardíaco de Ieltsin, 65, se fortaleça e um problema no sangue seja tratado.
Os médicos foram otimistas. Disseram que fígado, rins e cérebro de Ieltsin funcionam normalmente. O cardiologista americano Michael DeBakey, 88, a maior estrela da junta, disse que a situação de Ieltsin hoje é muito melhor do que há um mês.
Ieltsin já sofreu pelo menos três ataques cardíacos. Ele está internado no hospital do Kremlin. Os médicos examinaram Ieltsin e se reuniram por duas horas.
O chefe russo da junta médica, Renat Aktchurin, disse que a demora na operação aumenta as chances de sobrevivência de Ieltsin de 80% para quase 100%.
DeBakey foi o primeiro cirurgião a fazer uma ponte de safena bem-sucedida, em 1964. Ele atua em Houston e não deve participar ativamente da cirurgia -será um consultor da equipe de seu ex-aluno Aktchurin.
Ele contou que o presidente dos EUA, Bill Clinton, recomendou a DeBakey que faça de Ieltsin sua "prioridade número um".
Para ele, os ataques cardíacos não causaram lesões permanentes no coração de Ieltsin. Aktchurin disse que o presidente russo teria condições de estar trabalhando, mas que o repouso é necessário no pré-operatório.
O presidente russo receberá provavelmente cinco pontes de safena, mas a presença de especialistas alemães em transplante cardíaco traz suspeitas (leia texto abaixo).
O presidente russo sofre de isquemia, uma deficiência na irrigação sanguínea no coração. Além disso, há boatos de que ele tem problemas nos rins e fígado, negados pelos médicos.
Eles disseram que o problema no sangue, que ainda deve ser tratado, diz respeito à perda de glóbulos vermelhos, responsáveis por conduzir o oxigênio pelo corpo. Esse problema pode ter surgido por uma hemorragia intestinal.
Renúncia
Durante algumas horas, no dia da cirurgia, Ieltsin deve entregar ao premiê Viktor Tchernomirdin o comando oficial do país, inclusive a maleta que contém o segredo que aciona as armas atômicas.
O último líder soviético, Mikhail Gorbatchov, disse ontem que Ieltsin não tem mais condições de governar e pediu a renúncia dele.
O pedido já havia sido feito anteriormente pelo líder neocomunista, Guennadi Ziuganov.
"Quando (Leonid) Brejnev estava doente tudo parava, e naquela ocasião todas as decisões se tomavam de forma coletiva, o que em certa medida aliviava a situação", disse Gorbatchov.
Leonid Brejnev ficou doente por diversas vezes nos últimos anos de seu governo na URSS (de 1964 a 1982), mas seu real estado de saúde nunca era revelado.

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