São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Programas dão pouco espaço à segurança

Saúde também não é priorizada

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os programas de governo dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo apresentam poucas soluções às principais preocupações dos moradores da cidade: a violência e a saúde.
Segundo pesquisa do Datafolha publicada em 1º de setembro, 29% da população aponta a criminalidade como o principal problema do município. Em seguida, vem a saúde, com 14%.
Apesar disso, o líder na disputa pela prefeitura, Celso Pitta (PPB), dedica apenas dez linhas à segurança pública no programa de governo que divulgou via Internet.
Pitta promete ampliar de 4 mil para 10 mil o número de guardas municipais, sem dizer, porém, como pretende utilizá-los.
Ajuda da PM
O pepebista também propõe reforçar o salário de policiais militares em troca do apoio da PM a ações que a prefeitura considere prioritárias na área de segurança.
A proposta só pode ser concretizada se tiver autorização da própria polícia. Mas o secretário estadual da Segurança, José Afonso da Silva, descarta a mudança.
Ele acha que isso criaria um tratamento desigual entre os funcionários da corporação. Além disso, a legislação estadual não permite complementação salarial paga por um órgão que não seja a PM.
O programa de governo da candidata do PT, Luiza Erundina, dedica um pouco mais de espaço à segurança, embora o tema ocupe apenas 3 das suas 91 páginas.
Erundina sugere a criação de postos de segurança comunitários em 26 distritos. Diz que esses postos terão "importante papel na prevenção à violência", mas não detalha como eles funcionariam.
Emenda constitucional
O programa de José Serra (PSDB), como o de Pitta, também sugere o pagamento de um adicional aos salários de PMs em troca de apoio a ações específicas.
Serra conta com a aprovação de uma proposta de emenda constitucional que possibilita à Guarda Municipal policiar as ruas da cidade. A proposta, apresentada em agosto pelo senador Romeu Tuma (PSL) -aliado de Serra na campanha-, ainda não tem data para ser votada no Congresso.
Francisco Rossi (PDT) promete instalar aparelhos de rádio em 35 mil táxis, para que os motoristas possam avisar a polícia quando testemunharem eventuais ocorrências. Não diz, porém, se já tem o apoio dos taxistas à proposta.
Os candidatos dedicam também pouco espaço à saúde em seus programas. Pitta promete apenas manter o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) e fazer cursos de reciclagem a funcionários.
Erundina, Serra e Rossi citam a integração ao SUS (Sistema Único de Saúde) como a maior mudança. Com isso, a prefeitura assumiria hospitais do Estado em troca do repasse de verbas.
Só Erundina afirma quais hospitais gostaria de administrar. Entre eles, o Hospital das Clínicas, que o Estado não inclui em sua lista de hospitais municipalizáveis.
Erundina, Serra e Rossi não dizem o que fariam com o PAS.
Tiragem reduzida
Os programas são inacessíveis à maioria dos paulistanos. Só Erundina e Serra se preocuparam em apresentar seus programas em forma de livro. Mesmo assim, em tiragens reduzidas.
O tucano mandou imprimir 10 mil exemplares e distribuiu, até o início desta semana, só a metade. O do PT teve tiragem menor, de 5.000 exemplares -a distribuição terminou só esta semana.
Pitta e Rossi divulgaram seus programas apenas na Internet -ainda que o pedetista tenha publicado apostilas contendo suas propostas para crianças carentes.
Cerca de 400 mil paulistanos têm acesso à Internet, segundo o Datafolha. Eles são menos de 6% dos 6,7 milhões de eleitores da cidade.

Estes são os sites dos candidatos à Prefeitura de São Paulo na Internet: Celso Pitta (http://www.pitta.com.br); Luiza Erundina (http://www.wp.com/ptdmsp/); José Serra (http://www.sti.com.br/serra/); Francisco Rossi (http://www.u-netsys.com.br/pdt/rossi:html)

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