São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Novo remédio para emagrecer não faz milagre

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Minha amiga do peito, a Bucicleide, é do tipo que já perdeu mais de 20 arrobas em uma variedade de dietas para emagrecer. Juro, eu vi: o armário da Buci, digo, Cleide, é uma butique. Tem roupa de tudo que é tamanho, de P a GG.
Ela já experimentou a dieta da sopa, que fez a Adriane Galisteu ficar com cara de franga, digo, manga chupada; a Scarsdale, do médico assassinado pela amante, e ainda a do astronauta, que, certamente, foi o que fez Buzz Aldrin, da Apollo 11, ficar lelé da cuca.
Bucicleide é do tipo que já se viciou em Moderex, Hipofagin e fórmula de manipulação. Já tomou injeção na barriga e no culote, fez spa e, desconfio, só não tentou perder peso à base de tapa na cara.
Pois esta semana a celerada me ligou, como quem não quer nada, para comentar a capa da "Time" sobre o Redux, inibidor de apetite que acaba de ser liberado pelo rigidíssimo FDA, órgão que controla remédios nos EUA: "Barbara, por acaso você conhece alguém na alfândega? É que mandei toda minha poupança a uma amiga em Miami, para que ela comprasse tudo em Redux. Só que ela não sabe como fazer para me enviar o contêiner".
"Que contêiner, Buci? Você pirou?", gritei. E não parei mais de falar. Eis um resumo do que disse a ela: o Redux, que nos EUA está sendo considerado a maior invenção do século, é usado na Europa há 12 anos. No Brasil, existe há oito e é vendido com o nome de Isomerid. Diminui, por pouco tempo, a compulsão de comer, mas não é nenhum achado. Só causa furor entre os gringos, que estão comprando 80 mil caixas do produto por semana, porque a América está perdendo a guerra contra a obesidade. Só para se ter uma idéia, um quarto do país está acima do peso normal.
O raciocínio deles é o seguinte: o Redux causa efeitos colaterais. Mas, diante dos males trazidos pela obesidade, como infarto (maior causa mortis no país), mais vale se entupir do remédio do que ver o desmantelado INPS de lá afundar de uma vez por culpa dos gordos.
Não tem jeito. A melhor forma para emagrecer ainda é o bom e velho tratamento do dr. Jellineck: boca fechada e discussão em grupo, tipo AA. Jellineck concluiu que quem se reúne para falar do problema perde mais peso do que alguém que faz regime sozinho. Estou com ele e não abro, viu, Buci?

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