São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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"Público não entende 'Striptease"'

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de convencer Demi Moore a tirar a roupa por US$ 12,5 milhões, o diretor Andrew Bergman tenta convencer a si mesmo de que a empreitada valeu a pena.
"Nem sempre o público entende o que você quer dizer", diz o cineasta, referindo-se às duras críticas que "Striptease" recebeu da imprensa norte-americana.
Apesar do marketing ostensivo, o filme acabou como um dos fiascos da temporada de verão nos EUA. No Brasil, onde "Striptease" estréia hoje, a publicidade também cai em cima da nudez da atriz -agora, mais musculosa.
"Demi é muito sexy. Se ganhou o maior cachê feminino da indústria por esse papel, posso garantir que ela valeu cada centavo", afirma Bergman -entre outros trabalhos, ele dirigiu "Lua-de-Mel a Três" e "Atraídos pelo Destino". Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva.
Folha - A publicidade vende "Striptease" como um filme erótico. Não acha que o público pode se decepcionar ao perceber que se trata de uma comédia com algumas cenas mais ousadas?
Andrew Bergman - Quem espera ver algo parecido com "Showgirls" ficará desapontado. Agora, se o público espera simplesmente ver Demi Moore nua, isso o filme traz. Mas obviamente a nudez dela não dura o tempo todo. Explorei a nudez dela em algumas cenas. Depois, o filme se propõe a contar a história de uma mulher que trabalha como stripper. Tentamos equilibrar o tempo em que ela aparece vestida e sem roupa.
Folha - Até que ponto do cachê de Demi Moore interferiu no filme?
Bergman - O quanto ela recebeu não teve qualquer influência sobre o meu trabalho. Os produtores é que tiveram de preparar um dinheiro extra para trazê-la. O orçamento saiu US$ 5 milhões mais caro do que pretendíamos gastar.
Os produtores só fizeram questão de caprichar na publicidade. Na minha opinião, não deveríamos manter o nome do romance de Carl Hiaasen, que inspirou o roteiro. Se pudesse, teria mudado o título. Mas eles preferiram usar "Striptease" para chamar ainda mais a atenção do público.
Folha - Demi Moore aceitou o papel logo de cara ou você precisou convencê-la?
Bergman - Toda atriz do nível dela precisa ser convencida de alguma forma, principalmente quando o papel envolve nudez. Antes de convidá-la, conversei com diretores que já tinham trabalhado com ela para ter referências. A minha sorte foi que ela adorou o papel quando leu roteiro, e a partir daí tudo ficou mais fácil.
Folha - "Striptease" foi bombardeado pela imprensa americana. Como você recebeu as críticas?
Bergman - A crítica não me incomoda mais. Não acredito que eu seja um gênio, mas também não acho que eu seja um imbecil.
Algumas pessoas entenderam o espírito de "Striptease", outras não. Não há nada que eu possa fazer. Por mais que você tente, o resultado é sempre imprevisível.
O meu filme anterior ("Atraídos pelo Destino") também recebeu críticas duras e, na minha opinião, é um filme inofensivo.

Filme: Striptease
Direção: Andrew Bergman
Com: Demi Moore
Quando: Comodoro, Center Iguatemi 1, Gazeta e circuito

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