São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Drama adolescente não empolga

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

"Bem-Vindo à Casa das Bonecas" ("Welcome to the Dollhouse") valeu ao diretor e roteirista Todd Solondz o Grande Prêmio do Júri do Sundance-96, a meca da produção independente americana.
Em edições anteriores, igual triunfo revelou cineastas como os irmãos Coen ("Gosto de Sangue", 1985) e Todd Haines ("Veneno", 1991). Solondz não chega nem perto deles.
Impossível não se identificar com o universo pré-adolescente em que se desenvolve "Bem-Vindo à Casa das Bonecas". Aos onze anos, Dawn Wiener (Heather Matarazzo) atravessa aquele período de transformação em que todos temos o espelho e o mundo inteiro como inimigos. Matarazzo torna Dawn um personagem imediatamente reconhecível. O problema é que, passado o impacto inicial, Solondz não sabe muito o que fazer com ela. Nada há de novo na agressividade escolar e no desamparo sentimental.
Um bagunceiro jura estuprá-la -e se apaixona. Um Jon Bon Jovi do quarteirão a fascina, mas não quer nada. Dawn envolve-se em tudo com distanciamento autocrítico -mas sem um pingo de graça.
A vitória no Sundance é um editorial sobre o fim de um ciclo. O "boom" da produção independente americana nos anos 80 acabou levando a uma institucionalização paralela. Não é à toa que já há alguns anos tenham escasseado as verdadeiras revelações. Solondz não parece uma delas.

Filme: Bem-Vindo à Casa das Bonecas
Quando: hoje, às 16h30, e domingo, às 21h20
Onde: Espaço Unibanco de Cinema - sala 2 (r. Augusta, 1.475/1.470, tel. 288-6780)

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