São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996 |
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Militantes do PT somem das ruas e preocupam campanha de Erundina
XICO SÁ
Os militantes repetem um fenômeno parecido com o que ocorre no futebol atualmente: viraram "torcedores de poltrona" e acompanham a candidata em casa, pela TV e pelos jornais. Na noite de anteontem, a Folha flagrou um exemplo do clima de abandono de eventos patrocinados e dirigidos aos militantes. No auge de uma festa, realizada em um casarão da rua dos Franceses (região central de São Paulo), o partido não conseguiu reunir 50 pessoas no salão. Com um ingresso a R$ 15, a festa tinha como objetivo animar a militância na reta de chegada da campanha e ajudar os cofres do PT. Axé-music Entre as 21h e 0h30, o evento teve momentos constrangedores, devido ao clima de militância "fantasma". "Os velhos petistas de guerra agora estão em casa, cuidando dos filhos que nasceram nestes últimos anos", disse Andréia Saraiva, 30, psicóloga, antes de entrar na festa. Nem mesmo na área sindical, reduto em que o PT sempre conseguiu empolgar os militantes, Erundina conseguiu euforia na campanha deste ano. O retorno O PT corre em busca do militante perdido e aposta no ressurgimento dos filiados a partir de amanhã, no comício de encerramento da campanha, no Pacaembu (zona oeste da cidade). Segundo assessores de Erundina, na semana da eleição, os petistas irão mostrar serviço. O partido tem cerca de 50 mil filiados somente na cidade de São Paulo. "Nossa militância agora é como o Romário", diz Jilmar Tatto, coordenador da campanha do partido à prefeitura. "Passa o jogo todo sumido, mas aparece na última hora e decide a história". Na avaliação do comando da campanha de Erundina, os petistas não possuem mais o "romantismo" ou "a poesia" de jornadas eleitorais anteriores, mas mantêm a fidelidade no voto. Profissional x militante Ao contrário de campanhas passadas, o PT agora profissionalizou quase totalmente a estrutura do comitê central de Erundina. Não existe mais o exército de voluntários que trabalhava sem remuneração nas campanhas. O partido paga os seus funcionários. Segundo os coordenadores, os petistas não podiam mais depender apenas do voluntarismo dos seus militantes, sob pena de sofrer um massacre dos "supercomitês" adversários. A profissionalização foi iniciada na última campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência em 1994. Para Jilmar Tatto, o PT não poderia, por exemplo, deixar de fazer pesquisas detalhadas e profissionais para saber o que passa pela cabeça dos eleitores paulistanos. "Já fizemos campanhas totalmente na cegueira, na base da intuição", conta o petista. Texto Anterior: Estudioso mede a aura de José Serra Próximo Texto: Teens viram alvo petista Índice |
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