São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996 |
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Conflito de terra aquece tráfico de armas
SERGIO TORRES
Pedro Juan Caballero é a mais importante cidade paraguaia na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Fica em frente à cidade brasileira de Ponta Porã. Para ir de um país a outro, basta atravessar a avenida Internacional. Não há barreira fiscalizatória. Pistolas automáticas, revólveres e caixas de munição são levados por contrabandistas para garimpeiros, fazendeiros, colonos e sem-terra brasileiros, principalmente no Pará, Tocantins e Goiás. A Divisão da Polícia Federal em Ponta Porã já apreendeu este ano lotes de armas destinados a áreas onde há disputas por terras. "Levam revólveres, pistolas e munição, que no Paraguai custa menos que uma caixa de fogos. Você compra a quantidade de munição que quiser", disse o delegado Delci Carlos Teixeira, 44, diretor da PF em Ponta Porã. Sem policiamento, desertos e propícios à passagem de contrabando. Assim são os cerca de 550 km de terras que acompanham a fronteira seca entre Brasil e Paraguai, no Mato Grosso do Sul. A ação da PF na região é limitada. O efetivo reduzido não impede a atuação de contrabandistas. Há 11 anos trabalhando no Mato Grosso do Sul, o delegado Teixeira disse que, sem o aumento do efetivo, não revelado por ele, será difícil atenuar o contrabando. "Há 'n' pontos de entrada em toda a fronteira. Entram armas, entorpecentes, contrabandos." A fiscalização se limita à rodovia BR-463, no trecho entre Ponta Porã e Dourados (distância de 120 km). Ao longo da estrada, costuma haver barreiras montadas pela PF, polícias estaduais, Polícia Rodoviária Federal e Exército. O problema é que a BR-463 não é o único caminho para se deixar a região de Ponta Porã. São muitas as estradas de terra, há pistas no Paraguai, fazendas que começam num país e entram por terras do outro. Há fazendas com pistas de pouso sem controle. Os aviões pousam no lado brasileiro. As armas seguem para o Rio misturadas à carga de caminhões. As apreensões de armas e munições ocorrem nos ônibus de sacoleiros que visitam Pedro Juan Caballero. Nos fins-de-semana, de 250 a 300 ônibus chegam à cidade, vindos do Brasil. A maior parte das armas apreendidas são revólveres e pistolas fabricados pelas empresas brasileiras Taurus e Rossi, exportados para o Paraguai e que reingressam no Brasil de maneira clandestina. Próximo Texto: Ministro paraguaio responsabiliza Brasil Índice |
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