São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Revólver nacional regressa clandestinamente

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A PEDRO JUAN CABALLERO (PARAGUAI)

Nem só com armas dos EUA são equipadas as quadrilhas criminosas do Rio. Pistolas, revólveres e carabinas fabricadas por empresas nacionais reingressam no Brasil de forma clandestina a partir da fronteira com o Paraguai.
Comerciantes da cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, por intermédio de lojistas de Assunção, importam lotes de armas fabricadas pelas empresas brasileiras Taurus e Rossi.
Apesar de as armas serem fabricadas no Brasil, seu uso por civis é proibido pelas leis brasileiras.
Fazem parte desses casos o revólver Magnum 357 e pistolas, revólveres e carabinas produzidas nos calibres 9, 40 e 45 milímetros.
Entre julho de 1994 e abril de 95, de acordo com o Decex (Departamento de Comércio Exterior) do Ministério da Indústria e Comércio, 21.512 pistolas automáticas, revólveres e carabinas foram vendidas por Taurus e Rossi para lojas de Pedro Juan Caballero.
O armamento importado pelo comércio de Pedro Juan Caballero se destina a clientes brasileiros, conclui relatório da PF.
O relatório trata do tráfico de armas e da situação da criminalidade no Rio. Pedro Juan Caballero é separada da cidade de Ponta Porã (no Mato Grosso do Sul, a 335 km da capital, Campo Grande) pela avenida Internacional.
Não há barreiras de fiscalização entre as duas cidades. Basta atravessar a avenida para mudar de país.
Pelas facilidades de ingresso de produtos contrabandeados proporcionadas pelos 550 km de fronteira seca entre Brasil e Paraguai, Pedro Juan Caballero é conhecida no meio policial como pólo de abastecimento de traficantes e assaltantes do Rio.
Na cidade paraguaia, existem mais de 20 pontos especializados no comércio legal de armamentos.
Todos vendem produtos fabricados pelas nacionais Taurus e Rossi. A venda de armas vetadas ao cidadão brasileiro tem ampla divulgação em Pedro Juan Caballero.
A propaganda das empresas Taurus e Rossi é feita em cartazes de madeira (semelhantes, em dimensão e formato, aos outdoors brasileiros) pregados pelos comerciantes em esquinas e nas frentes das lojas.
(ST)

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