São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Excluídos da Europa são ídolos no PR

Poloneses procuram mercado

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Krzysztof Nowak e Mariusz Piekarski. À primeira vista, os nomes são estranhos. À segunda, também. Em Curitiba, porém, são nomes populares.
Músicos? Artistas? Bailarinos? Não. Os poloneses Nowak e Piekarski são jogadores de futebol: os ídolos do Atlético-PR no Campeonato Brasileiro.
Em Curitiba desde 17 de agosto, os dois foram "descobertos" pelo empresário Juan Figger quando enfrentaram o Brasil de Zagallo, defendendo a seleção polonesa, em 26 de junho, em Vitória (ES).
Após "estágio" que deve durar um ano no Atlético, a idéia é transferi-los para o futebol paulista.
Santos e Corinthians são clubes interessados no futebol da dupla.
"Fomos muito bem recebidos em Curitiba, mas o futebol é uma atividade profissional e não podemos descartar uma transferência em 97", disse o líbero Nowak.
"Ficamos conhecendo São Paulo quando enfrentamos a Portuguesa", afirmou Piekarski, que atua como meia defensivo.
O caso Bosman
O empréstimo dos poloneses ao Brasil pode ser o início de um ciclo de contratações de jogadores do Leste Europeu por clubes do país.
"O caso Bosman encareceu o preço do passe de um polonês para países da União Européia", explicou Nowak.
"Por que eles vão querer um polonês, um romeno ou um búlgaro, comprando nossos passes dos clubes, se podem pagar menos por um francês, belga ou espanhol, negociando diretamente com o jogador?", explicou Piekarski.
A Corte Européia de Justiça, órgão da UE, decidiu em 1995, em processo conhecido como caso Bosman, proibir a cobrança de indenização na transferência de jogadores entre clubes da UE.
Outra decisão foi permitir que os times europeus contratem quantos jogadores quiserem de países da UE.
"Para nós, da Europa Oriental, restam apenas os mercados fora do continente", disse Nowak. "E o brasileiro é um dos mais promissores."
Lei Pelé
Os atletas poloneses aprovaram a "lei Pelé", que institui passe livre para jogadores no Brasil que completem 26 anos em 1997 e tenham seus contratos encerrados.
"É uma lei que liberta os jogadores", opinou Nowak. "Na Polônia também estamos brigando por mudanças na legislação."
Na Polônia, se um atleta não renova contrato com o clube dono de seu passe, pode atuar em outro por um período de três meses.
"Mas depois temos que voltar ao clube de origem até acertar a renovação ou ele nos vender para outro", explicou o líbero atleticano.
"Com a abertura econômica e política da Polônia nos últimos sete anos, o país está evoluindo muito, mas falta abrir o futebol."

LEIA MAIS sobre o Brasileiro às págs. 8 e 9

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