São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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MAIS CANTORAS

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Mona Gadêlha - Com mais de 15 anos de carreira, a cantora só agora lança seu disco de estréia, pela Movieplay (para ouvir o CD, acesse o código 2602).
Estabilizada como roqueira na cena de Fortaleza, onde nasceu, ela foge da raiz nordestina e se entrega ao rock, ao blues a ao pop, em composições quase sempre próprias (à exceção de "Ingazeiras", concessão ao nordestinismo de Ednardo, e "Sinal", de Edvaldo Santana).
"A música que faço sempre foi cosmopolita. Gosto de Luiz Gonzaga, mas o que me influenciou sempre foi o rock e o pop, de Joni Mitchell, Lou Reed, Smiths, Echo and the Bunnymen", diz.
"Mona Gadêlha" é produzido por Alexandre Fontanetti, co-responsável, em 1991, por "Bossa'n Roll", de Rita Lee.
O som de Mona oscila entre o que a roqueira-mãe do Brasil fazia nos anos 70 e o que Zélia Duncan faz nos 90, com resultados consistentes em melodias pop poderosas como as de "Cinema Noir" e "Pobre Rapaz", em letras de cor existencialista como as de "Fugitivo" e "Ilha" e em vocais precisos como os de "Cor de Sonho".

Beth Carvalho e Elza Soares - A BMG relança dois discos da sambista carioca Beth Carvalho, "De Pé no Chão" (78) e "No Pagode" (79), que trazem de volta algumas de suas canções mais famosas, como "Vou Festejar" e "Lenço" (no primeiro) e "Coisinha do Pai" e "Xô Gafanhoto" (no segundo).
Os discos correspondem à fase de maior popularidade da cantora, mas não se equiparam às pérolas secretas do início de sua carreira (nos primeiros anos 70), perdidas no fundo do baú de alguma gravadora.
Como contraponto a um comercialismo excessivo (em especial na pérfida "Andança"), há o paliativo de Cartola ("Que Sejam Bem-Vindos") e Nelson Cavaquinho ("Beija-Flor").
Por seu lado, a EMI alivia a total carência de Elza Soares no mercado com uma pobre e malcuidada coletânea, da série "Meus Momentos".
A ousadia da sambista-blueseira invade faixas como "Edmundo" (67, versão desabusada do standard "In the Mood"), "Marambaia" (60) e "Escurinho" (62, de Geraldo Pereira), mas é muito pouco -a EMI segue endividada.

Titane - A cantora mineira lança pela gravadora independente Atração seu terceiro disco, "Inseto Raro", gravado ao vivo num teatro de Ouro Preto (MG).
A concepção é do diretor teatral João das Neves, seu marido e responsável pela concepção de "Yes, Nós Temos Bethânia", show de 1968 da cantora baiana.
Titane canta, em voz aguda e personal, composições já conhecidas de Capiba ("É de Amargar"), Caetano Veloso ("Os Outros Românticos"), João Bosco ("Tiro de Misericórdia"), Tom Jobim ("Desafinado"), Milton Nascimento ("Noites do Sertão"), Luiz Tatit ("Felicidade"), André Abujamra e Maurício Pereira ("A Lavadeira, o Varal e a Saudade"), Lenine ("Miragem do Porto") e -inevitável- Chico César ("Folia de Príncipe").
O destaque fica por conta de "Tirana da Rosa", de domínio público dos cantadores do vale do Jequitinhonha.
Nesta e nas versões de compositores os mais variados, Titane uniformiza oscilações de qualidade num estilo único, carregado no teatral como a Bethânia dos primeiros tempos.
(PAS)

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