São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Jean Rustin desnuda a violência do corpo humano

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Feito disco riscado, que arranha o mesmo fragmento musical, as 47 pinturas da mostra insistem e ampliam a mais aterrorizante das visões do ser humano: a decadência.
São seres nus, enrugados, abaixando as calças, se masturbando, jogados ao chão, presos em camisas de força. São corpos em pânico silencioso, esparramados por uma gravidade e uma temporalidade que se avisam implacáveis.
Para o artista francês Jean Rustin, 68 anos, a nudez é um caminho de resgate das emoções mais poderosas e verdadeiras.
"Não encontramos na vida habitual homens e mulheres nus- salvo em algumas situações ligadas ao amor, à doença, à solidão, à loucura e à morte. Essa enumeração basta para dar toda a força ao conceito de corpo nu", explica.
Comparado por afinidade a outros artistas figurativos e realistas, como Francis Bacon e Lucien Freud, Jean Rustin apresenta uma diferença marcante: ao mesmo tempo em que retém uma carga de violência, suas imagens humanas são carregadas de um sentimento solidário, piedoso.
Utilizando a temática da decadência do corpo como "leitmotif", Rustin estabelece um diálogo histórico, ligando as experiências contemporâneas de body art com imagens pictóricas que resgatam um passado de crucificações, revoluções. "Tenho consciência de que existem 20 séculos na pintura, atrás de mim", diz.

Exposição: Jean Rustin, Obras Recentes
Local: MAC - Cidade Universitária (r. da Reitoria, 160, tel. 818-3039)
Quando: de seg a sex, das 12h às 20h. Sáb, das 9h às 13h. Até 1º de novembro Quanto: entrada franca

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