São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Crise rompe ajuda militar

JOHN LICHFIELD
DO "THE INDEPENDENT", EM LONDRES

Os tiroteios travados entre palestinos e israelenses uniformizados nos últimos dias encerram uma ironia trágica. Uma das grandes vitórias que o processo de paz de Oslo teria obtido -e uma das últimas bases para esperança num futuro pacífico- era a relação, de modo geral boa e profissional, entre as Forças Armadas de Israel e a chamada "polícia" palestina.
É provável que vários dos soldados que trocaram tiros na faixa de Gaza e na Cisjordânia tenham participado de patrulhas conjuntas nas últimos semanas.
Em algumas partes da Cisjordânia, as forças de segurança israelenses e palestinas dividem os mesmos quartéis. Agora, já não se sabe se o conceito de segurança conjunta -um dos elementos chaves do processo de paz- vai sobreviver.
As hostilidades também vão reforçar os temores da direita israelense em relação à polícia palestina -uma força paramilitar composta de até 45 mil homens-, que ela acredita representar uma ameaça.
A maioria dos policiais, talvez até 70% deles, foi recrutada entre pessoas que faziam parte da diáspora palestina e não das comunidades palestinas de Gaza e da Cisjordânia. Quase todos os oficiais superiores e muitos integrantes dos escalões inferiores serviram anteriormente no Exército Palestino de Libertação, a ala militar da OLP.
No início do processo de paz, eles eram terroristas aos olhos dos israelenses. Antes do retorno, estavam sediados em outros países árabes. Acredita-se que alguns deles tenham combatido no lado iraquiano durante a Guerra do Golfo.

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